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Em Israel, Trump ataca acordo nuclear com o Irã e diz que país nunca terá arma nuclear

22.mai.2017 - Donald Trump cumprimenta Benjamin Netanyahu em Jerusalém - REUTERS/Menahem Kahana
22.mai.2017 - Donald Trump cumprimenta Benjamin Netanyahu em Jerusalém Imagem: REUTERS/Menahem Kahana

Do UOL, em São Paulo

22/05/2017 10h29Atualizada em 22/05/2017 16h36

Em discursos ao lado do premiê Benjamin Netanyahu e do presidente Reuven Riblin, em Jerusalém, Donald Trump atacou nesta segunda-feira (22) um dos principais inimigos de Israel: o Irã. O presidente norte-americano já havia feito o mesmo no início de sua primeira viagem ao exterior, na Arábia Saudita, no domingo (21).

Trump atacou o acordo nuclear negociado pela gestão Barack Obama, em conjunto com França, Alemanha e outras potências, apesar de seu governo ter mantido o pacto de 2015 na semana passada, impondo novas sanções. Trump é um crítico antigo do acordo, que também sempre foi atacado por Netanyahu.

Ao lado do premiê, nesta segunda, Trump chamou o acordo nuclear de "inacreditável". "O Irã precisa ser grato aos EUA porque negociou um acordo fantástico com a administração prévia [governo Obama]. Algumas pessoas não entendem nem como ele foi pensado, é inacreditável. Eles têm que agradecer, porque senão estariam em apuros. Demos prosperidade a eles", afirmou Trump.

"Não importa onde a gente vá no Oriente Médio, vemos os sinais do Irã, seja arma ou dinheiro, na Síria, no Iêmen, no Iraque. Foi terrível para os Estados Unidos entrar naquele acordo."

Trump fechou o discurso antes da reunião com o Netanyahu dizendo que o "Irã nunca terá uma arma nuclear", e em seguida cumprimentou o premiê.

Mais cedo, ao se encontrar com o presidente Reuven Rivlin, Trump afirmou que os Estados Unidos e Israel precisam se unir para garantir que o Irã nunca possa ter uma arma nuclear e pare de "investir no terrorismo".

"Esse momento nos obriga a fortalecer nossa cooperação. Países como Irã patrocinam o terrorismo e fomentam uma violência terrível. EUA e Israel precisam afirmar em uma só voz que o Irã nunca possa ter uma arma nuclear e precisa parar de investir, treinar e equipar terroristas e milícias", disse Trump.

Segundo os termos do pacto de 2015, o governo de Obama aceitou aliviar as sanções contra o Irã em troca de rígidos controles de seu programa nuclear. O acordo prevê um controle internacional de caráter puramente civil e pacífico. Até mesmo os detratores do acordo - como os caciques republicanos conservadores, altos funcionários israelenses e países árabes - admitem que o Irã tem respeitado seus compromissos.

Segundo o presidente, que desembarcou em Tel Aviv vindo da Arábia Saudita, onde se encontrou com líderes muçulmanos, os países islâmicos têm percebido uma causa em comum com Israel --"a ameaça colocada pelo Irã"-- e expressaram "vontade de ajudar a acabar com o terrorismo e a propagação da radicalização".

Em Riad, Trump já havia adotado tom semelhante contra o Irã, que reelegeu neste fim de semana o presidente Hassan Rouhani. "Por décadas, o Irã alimentou o fogo do conflito sectário e do terrorismo. É um governo que fala abertamente de assassinatos em massa, prometendo a destruição de Israel, a morte dos Estados Unidos e a ruína de muitos líderes e nações presentes neste salão", afirmou Trump no domingo (21).

Na ocasião, o presidente também culpou o governo do Irã por "tudo que está acontecendo na Síria". No conflito sírio, EUA, Arábia Saudita e outros países muçulmanos de maioria sunita combatem o regime xiita de Bashar al-Assad, que é apoiado por Irã e Rússia. No Iêmen, xiitas do Irã e sunitas da Arábia Saudita e outros países --com apoio dos Estados Unidos-- também estão em lados opostos.

Irã rebate Trump

Hassan Rouhani, presidente reeleito do Irã, disse nesta segunda que Teerã irá continuar com seu programa de mísseis balísticos, segundo noticiou a televisão estatal, adotando um tom desafiador após as fortes críticas de Trump.

"A nação iraniana decidiu ser poderosa. Nossos mísseis são para a paz e para a defesa... as autoridades americanas deveriam saber que, quando precisarmos testar um míssil tecnicamente, nós o faremos e não iremos esperar sua permissão", disse Rouhani em uma coletiva de imprensa transmitida ao vivo pela TV estatal.

"Rara oportunidade para a paz"

Antes de encontrar Rivlin, Trump disse ter convicção de que existe uma "rara oportunidade" de levar a paz ao Oriente Médio.

"Temos diante de nós uma rara oportunidade de trazer segurança, estabilidade e paz a esta região", disse no aeroporto internacional Ben Gurion, em Tel Aviv, reafirmando ainda o "vínculo inquebrável" entre Estados Unidos e Israel. "Mas só poderemos chegar lá trabalhando juntos. Não há outro caminho", disse. "Eu vim a esta terra sagrada e antiga para reafirmar o vínculo inquebrável entre Estados Unidos e o Estado de Israel", afirmou. (Com agências internacionais)