Ministro e políticos são presos por caso Odebrecht na República Dominicana
Um ministro e outras nove pessoas --entre elas vários ex-funcionários-- foram detidos nesta segunda-feira (29) na República Dominicana como parte da investigação da Odebrecht, informou a Procuradoria dominicana.
O procurador dominicano Jean Alain Rodríguez confirmou a acusação de 14 pessoas, entre elas um ministro e três legisladores, por suposto envolvimento nos subornos da construtora brasileira Odebrecht no país. Segundo ele, dez acusados já foram detidos, enquanto dos três legisladores, dois deles a Justiça já solicitou a retirada de imunidade parlamentar. Outro envolvido, o engenheiro Bernardo Castellanos de Moya, está no Panamá e a Procuradoria notificou à Interpol para a sua detenção.
As detenções foram realizadas nas primeiras horas da manhã em Santo Domingo, em operações simultâneas. Entre os detidos está o atual ministro da Indústria e do Comércio dominicano, Juan Temístocles Montás.
Montás foi anteriormente ministro da Economia, Planejamento e Desenvolvimento nos governos de Leonel Fernández (2004-2008 e 2008-2012) e no primeiro mandato do atual presidente, Danilo Medina (2012-2016).
Estas são as primeiras detenções no país pelo caso envolvendo a propina que a empreiteira brasileira Odebrecht diz ter pago para obter contratos de licitação de obras de infraestrutura entre 2001 e 2014.
As propinas da Odebrecht na República Dominicana ultrapassaram os US$ 92 milhões de 2001 até 2014, segundo a própria empresa.
As prisões acontecem depois que o procurador-geral, Jean Alain Rodríguez, informou no último dia 19 que recebeu das autoridades do Brasil os dados sobre as propinas pagas pela construtora no país.
Segundo os dados revelados pela Odebrecht, a República Dominicana é o terceiro país onde mais propinas foram pagas para conseguir licitações de obras e favores, com US$ 92 milhões, ficando atrás somente do Brasil, com US$ 349 milhões, e da Venezuela, com US$ 98 milhões.
Na República Dominicana, a empresa foi contratada para realizar pelo menos 16 obras.
Em abril, um juiz dominicano validou um acordo entre o Ministério Público e a Odebrecht, que deverá pagar US$ 184 milhões, o dobro do que gastou em propina para vencer as licitações de contratos de obras públicas, e revelar os nomes dos beneficiados, em troca de que os seus funcionários não sejam processados no país caribenho.
Outros detidos são o ex-ministro de Obras Públicas, Víctor Díaz Rúa, o ex-deputado Ruddy González e o empresário Ángel Rondón, que segundo o gerente-geral da Odebrecht no país, Marcelo Hofke, foi quem recebeu e distribuiu os US$ 92 milhões que a empresa entregou em propina, disse o procurador.
Entre os detidos também estão os ex-vice-presidentes-executivos da Corporação Dominicana de Empresas Elétricas Estatais (CDEEE) Radhamés Segura e César Sánchez e o ex-senador e ex-diretor do Instituto Nacional de Águas Potáveis (Inapa) Roberto Rodríguez, segundo a imprensa local.
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