Morre estudante que foi libertado em coma pela Coreia do Norte
O estudante americano Otto Warmbier, de 22 anos, morreu em Ohio. O jovem havia sido libertado pela Coreia do Norte e voltou aos EUA em coma.
A informação foi dada pela família em comunicado divulgado pelo hospital onde estava Warmbier, na tarde desta segunda-feira (19).
A família agradeceu ao Centro Médico da Universidade de Cincinnati onde o jovem foi tratado. "Infelizmente, o tratamento horrível e torturante recebido pelo nosso filho nas mãos dos norte-coreanos assegurou que nada pudesse ser feito além da tristeza que experimentamos hoje", diz o comunicado da família.
Eles também disseram que escolheram focar no tempo que passaram juntos com seu " querido, envolvido e brilhante" filho ao invés de focar na sua perda.
Os médicos disseram que ele retornou aos EUA com "danos neurológicos graves", mas não está claro o que teria provocado a situação.
Otto Warmbier, 22, que estava detido na Coreia do Norte, foi extraditado na última terça-feira (13). Otto havia sido preso em janeiro de 2016 no aeroporto de Pyongyang pouco antes de pegar o voo para sua casa nos Estados Unidos.
Segundo seus pais, Fred e Cindy Warmbier, o estudante estava em coma desde março do ano passado --sem contato direto com ele, a família ficou sabendo de sua real condição há apenas uma semana.
Na quinta-feira (15), o americano Fred Warmbier, pai do estudante, se disse "aliviado e com raiva" após ter recebido o filho, em Cincinnati (Ohio).
Warmbier falou sobre como a família recebeu o filho e batalhou por sua libertação. Ele havia sido preso no aeroporto de Pyongyang, quando deixaria o país, sob a acusação de tentar roubar um cartaz de propaganda do regime norte-coreano. Otto havia sido sentenciado a 15 anos de trabalho forçado pela acusação de cometer "atos hostis" contra o regime.
Fred Warmbier disse que o filho jogava futebol e se formou em 2013 na escola onde foi realizada a entrevista para os jornalistas na quinta-feira. Vestido com o mesmo paletó que seu filho usou quando foi julgado na Coreia do Norte, Warmbier se emocionou ao homenageá-lo.
"Estamos orgulhosos por sermos uma família feliz e positiva. E vamos continuar assim. Estamos felizes que nosso filho está em solo americano e posso falar a vocês em nome dele. Otto, te amo e sou louco por você, você é um cara incrível", declarou o pai. "Estou orgulhoso dele e da coragem que ele mostrou nas condições brutais da Coreia do Norte. O fato de ter sido tratado assim é horrível e difícil de processar."
Segundo ele, o filho ouviu de amigos que haviam visitado o país por meio de uma agência de viagens que leva turistas à Coreia do Norte que não havia risco. "Ele queria ir. Nas propagandas, sempre dizem que o tour é seguro, que não vai acontecer nada com os americanos que vão para lá. Mas a verdade é que Otto foi levado como refém."
"Não ouvimos falar sobre Otto desde março de 2016", disse Warmbier, sobre a falta de informações fornecidas pelo regime norte-coreano. "Não havia nenhuma comunicação."
Ele relatou ter se encontrado com diversos políticos e membros do governo americano --como John Kerry, secretário de Estado do segundo governo de Barack Obama--, sob "a falsa premissa de que a Coreia do Norte trataria Otto de forma justa". "Na verdade, ele foi tratado como um prisioneiro de guerra."
De acordo com o pai, a família recebeu conselhos de que mantivesse a luta para trazer o filho de volta longe dos holofotes, para evitar atitudes que o regime norte-coreano entendesse como provocação. Mas, ao perceber a falta de resultados, a família resolveu começar a dar entrevistas, em maio do ano passado. Pouco tempo depois, ocorreu a libertação.
Questionado se sentia que o governo Obama não havia feito o suficiente para conseguir a libertação de Otto, Warmbier respondeu, mostrando resignação: "acho que os resultados falam por si".
Ele também disse não acreditar em nada que é divulgado pelo governo da Coreia do Norte com relação à prisão de seu filho. Eles são brutais e terroristas. Vemos o resultado de suas ações", declarou.
Ao rebater a acusação de que o filho agia a mando de uma igreja protestante de Ohio, conforme acusado pela Coreia do Norte, o pai disse que o estudante nunca fez parte da igreja em questão.
Trump
Warmbier também contou como foi a conversa com Donald Trump, por telefone, após a chegada do filho. "Ele foi gentil. Perguntou como estávamos indo, a situação do Otto, contou um pouco do duro trabalho de negociação que ele e o [secretário de Estado] Rex Tillerson tiveram [para conseguir a libertação]."
"Eu estava evitando conversar com ele [Trump], porque para mim isso dizia respeito apenas a meu filho. Acabei aceitando e ele foi amável, o agradeço por isso."
Ao saber da morte, Trump, que participava de uma reunião com o Conselho Americano de Tecnologia, disse que a Coreia do Norte é um "regime brutal".
Em comunicado divulgado mais tarde, Trump atacou a falta de "decência" da Coreia do Norte. "O destino de Otto aumenta a determinação de meu governo de prevenir tais tragédias de inocentes que caem nas mãos de regimes que não respeitam as leis ou a decência humana básica", disse.
Trump e a primeira-dama dos EUA, Melania Trump, expressaram suas condolências à família de Warmbier e afirmaram que "não há mais trágico para um pai que perder um filho na melhor fase da vida".
"Os EUA condenam mais uma vez a brutalidade do regime norte-coreano", afirmou Trump.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.