Risco de faltar oxigênio torna busca por submarino "mais crítica", diz Marinha argentina
O porta-voz da Marinha argentina, Enrique Balbi, afirmou nesta terça-feira (21) que a operação de busca e resgate do submarino desaparecido desde quarta-feira está mantida, mas que, a cada hora, aumenta o risco de faltar oxigênio para os 44 tripulantes que estão a bordo se a embarcação não puder emergir.
"O tema do oxigênio nos preocupa desde o primeiro momento em que não pudemos detectar o submarino. Obviamente não descartamos nenhuma hipótese. Estamos considerando todas as possibilidades, e a situação mais crítica seria o fato de estarmos no sexto dia de oxigênio", ressaltou Balbi.
Sem sair à superfície, o submarino "San Juan" tem capacidade de oxigênio para sua tripulação por sete dias e sete noites.
"Assumindo o pior, que estava subaquático e não podia fazer snorkel - o que significa renovar o ar e o oxigênio - e não poderia subir sozinho para a superfície, estaríamos no sexto dia de oxigênio", disse Balbi a jornalistas nesta terça-feira.
Segundo o porta-voz, o presidente Mauricio Macri pediu que fossem utilizados todos os meios disponíveis para localizar o submarino. Atualmente, 4.000 pessoas, entre argentinos e estrangeiros, trabalham na missão. As buscas são realizadas em uma área de 400 km quadrados.
"A fase de busca e salvamento durará até o que submarino seja localizado" disse. As condições climáticas melhoraram e ajudaram nas buscas; na segunda-feira, ondas de seis a oito metros e fortes ventos prejudicaram os trabalhos. Há previsão de novas tempestades para quinta-feira.
"Por sorte começa a diminuir a intensidade do vento, com ondas de três e quatro metros, que permitiria uma varredura tridimensional do fundo", declarou Balbi.
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O submarino zarpou há nove dias de Ushuaia, no extremo sul da Argentina, e era esperado no domingo passado no Mar del Plata, 400 quilômetros ao sul da capital, seu porto habitual.
Um bote inflável à deriva avistado na madrugada desta terça por um avião em meio a uma forte tempestade estava vazio e não pertence ao submarino, informou o porta-voz da Armada. Também foram avistados no horizonte dois artefatos pirotécnicos brancos sem localizar sua origem, mas presume-se que não sejam do "ARA San Juan", que tem sinalizadores para emergências e verdes para treinamento.
Perguntado sobre a avaria na bateria reportada pela tripulação no último contato, Balbi disse que este tipo de submarino poderia continuar em propulsão mesmo com o problema. "Está não é uma situação que enfrentamos todos os dias, mas já aconteceu muitas vezes".
Expectativa e frustrações
Após terem se iludido nos últimos dias com dois indícios que resultaram negativos, a incerteza foi se transformando em angústia. "É uma mistura de sensações: dor, impotência e momentos de esperança. A sensação é que eles estão vindo, que hoje vão nos dizer 'estão chegando'", confessou María Morales, mãe de Luis, um dos tripulantes, ao chegar nesta terça-feira à Base Naval do Mar del Plata.
Sete chamadas por satélite e um barulho no fundo do mar deram esperanças de que se tratava do submarino, mas foram descartadas após várias horas. "Uma luzinha começa a brilhar e depois apaga", lamentou María Morales.
A Base Naval de Mar del Plata, cidade portuária e maior balneário da Argentina, se transformou no epicentro da agoniante espera dos familiares. Cartas, bandeiras com mensagens e cartazes são vistos na cerca que rodeia a base, com vista para o mar, para onde os familiares rezam que o submarino volte.
"Isso é terrível, é o mesmo que aconteceu com aquele submarino russo, ou o que houve com os chilenos na mina, é como um naufrágio", declarou à AFP Norberto Rodríguez, morador de Mar del Plata que se aproximou em solidariedade.
Pelo menos 12 aviões e 16 navios de Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Brasil, Chile, Peru, Colômbia e Uruguai se somaram à operação de busca e resgate lançada na quinta-feira passada.
Os trabalhadores do estaleiro Tandanor, a cargo do conserto do "ARA San Juan" entre 2007 e 2014, gravaram uma carta de alento aos tripulantes, entre eles Eliana Krawczyk, de 35 anos, a primeira oficial submarinista da América do Sul e vários pais de família. (Com agências internacionais)
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