Marinha brasileira explica como ajuda nas buscas pelo submarino argentino no Atlântico
Desde que o submarino argentino desapareceu nas águas do Atlântico há sete dias, o Brasil enviou duas embarcações para ajudar nas buscas do país vizinho: o navio polar Almirante Maximiano faz a varredura na área de buscas determinada pela Marinha Argentina, enquanto a fragata Rademaker aguarda em Puerto Belgrano a sua vez no revezamento para manter os trabalhos por 24 horas.
Uma terceira embarcação brasileira, o navio de socorro submarino Felinto Perry, já deixou o Rio de Janeiro e está a caminho --seu foco serão as operações de resgate. No entanto, até agora, a Marinha da Argentina diz que não há qualquer rastro do submarino que leva 44 tripulantes. A Marinha brasileira ainda tem esperanças de que o oxigênio do submarino não esteja prestes a acabar --existe a possibilidade de a embarcação ter passado os últimos sete dias submersa.
O submarino seguia de Ushuaia para Mar del Plata. A tripulação fez o contato na última quarta-feira, pela manhã, e desde então não há qualquer sinal da embarcação.
"A única certeza que se tem hoje é a de que o submarino tem uma dificuldade de comunicação. A gente não sabe se ele afundou, não sabemos mais nada", explica o comandante capitão de mar e guerra José Américo Alexandre Dias, da Marinha brasileira.
A área de buscas é definida pela Marinha argentina com base na velocidade que o submarino tem quando está submerso (cerca de 10km/h) e a corrente marinha, já que, se estiver à deriva, o submarino poderia ser levado de um lado para o outro.
O oxigênio contra o tempo
Se o submarino não emergiu durante o período em que está desaparecido, seu suprimento de oxigênio teria previsão para durar sete dias --o tempo que ele já está desaparecido, o que torna as buscas ainda mais críticas.
No entanto, a tripulação tem algumas ferramentas para aumentar esse período de tempo mesmo sem a captura de oxigênio. "Existem ampolas de oxigênio a bordo que podem ser usadas na atmosfera do submarino, existem ainda absorvedores de gás carbônico que podem ajudar a manter o ar saudável para os tripulantes", afirma o capitão de fragata Luis Antônio de Menezes Cerutti.
Questionada sobre o andamento das operações de resgate, a Marinha diz que com as informações disponíveis até agora, é impossível fazer qualquer tipo de previsão.
Cerutti explica ainda que os tripulantes têm treinamento para racionamento de comida e água, outra preocupação das equipes de resgate.
O período de buscas é determinado pela Marinha argentina. "Enquanto os navios estiverem na área, as buscas vão continuar na esperança de encontrar o submarino bem, somente com um problema de comunicação. E, na pior situação, na esperança de resgatar os tripulantes", espera Cerutti.
O comandante Américo destaca ainda que, mesmo que o clima piore nos próximos dias --a previsão era de tempestades na região--, as duas embarcações brasileiras seguem nos trabalhos. "Nos últimos dias, foram registradas ondas de até nove metros e ventos de 90 km/h. Alguns navios de outras marinhas que estão naquela região não têm capacidade para enfrentar este tipo de dificuldade e voltam para o porto. Mas os nossos estão preparados para isso".
O que podem fazer os navios e aviões militares brasileiros?
Entenda quais características desses dispositivos podem ajudar a encontrar e possivelmente resgatar os 44 tripulantes do ARA San Juan:
Navio Polar Almirante Maximiano
Já está em operação no Atlântico, na área de varredura. A embarcação foi escolhida por possuir radares de navegação, equipamentos de uso em grandes profundidades, sensores multifeixes e guincho oceanográfico e geológico, que coleta amostras de água e assoalho marinho. O navio também conta com quatro embarcações auxiliares e dois helicópteros Hélibras UH-12/13 Esquilo.
Fragata Rademaker
Uma das embarcações da Marinha envolvida nas buscas, a fragata estava nas proximidades de Montevidéu quando foi imediatamente requisitada para participar da operação. Possui recursos de detecção sonar, de comunicações submarinas e operações aéreas.
Ela tem um sonar com capacidade de detecção, dependendo do estado do mar, de cerca de 8 km. Este tipo de equipamento é possível detectar inclusive ruídos da tripulação batendo no casco do submarino.
Navio de Socorro Submarino Felinto Perry
Incorporado à Marinha em 1988, é normalmente utilizado em resgates a submarinos danificados, além de servir de suporte a operações que envolvem mergulho profundo. Possui câmaras de descompressão, sino atmosférico, baleeira com câmara hiperbárica e um veículo não-tripulado de controle remoto que realiza operações de até 600 metros.
O NSS Felinto Perry conta ainda plataforma para helicópteros e guindastes e sistema de posicionamento dinâmico.
Avião SC-105 Amazonas SAR
Incorporado à Força Aérea em agosto, o bimotor SC-105 usa a sigla SAR, que significa "search and rescue" ("busca e resgate"). "É a aeronave mais moderna e equipada na questão de busca e salvamento", segundo o tenente-brigadeiro do ar Carlos Vuyk de Aquino, comandante do Comae (Comando de Operações Aeroespaciais), que participa das buscas.
Ela possui itens como radar com abertura sintética e capacidade de monitorar até 640 itens, em 360°, em um raio de 370 km. Ele pode captar pequenos botes, por exemplo, com imagens de alta resolução. Além disso, o SCA possui sistema de imagem por infravermelho, permitindo operar 24 horas, mesmo em baixa visibilidade.
Avião P-3AM Orion
Equipada para combate a submarinos, a aeronave participa da busca pelo ARA San Juan justamente por sua capacidade de detectar esse tipo de embarcação. A aeronave é um quadrimotor de patrulha marítima de longa distância, com autonomia de voo de 12 horas - de acordo com a FAB, o P-3AM e o SC-105 permitem, em revezamento, uma operação ininterrupta de busca, caso a Marinha argentina necessite.
O P-3AM também possui equipamentos que utilizam tecnologia infravermelha e permitem visão noturna. O detector de anomalias magnéticas (MAD), que busca massas metálicas submersas, pode ajudar a encontrar o ARA San Juan.
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