Desertor tem pesadelo de que é sequestrado de volta à Coreia do Norte, diz médico
O soldado que desertou do Exército da Coreia do Norte no último dia 13 teve pesadelo com a possibilidade de retorno ao país, segundo o médico Lee Cook-Jong, responsável pelo cuidado do homem de 24 anos no Hospital Universitário de Ajou, em Suwon, na Coreia do Sul.
O desertor, de sobrenome Oh, recebeu cinco ou seis disparos de militares do Exército norte-coreano quando cruzou a zona fronteiriça conhecida como Área de Segurança Conjunta (JSA), em Panmunjom, e foi resgatado por membros das tropas sul-coreanas. Vídeos de segurança mostraram a fuga frenética do homem, primeiro de carro e depois a pé.
"Ele teve um sonho em que era sequestrado de volta à Coreia do Norte. Deixei bem claro que ele está na Coreia do Sul agora, e está seguro", revelou o cirurgião, entrevistado pela agência Reuters. No hospital, Oh está sendo protegido por agentes de segurança sul-coreanos - que, segundo o médico, asseguraram a proteção dele. "Me disseram: 'esse norte-coreano não vai para lugar nenhum. Ele vai ficar na Coreia do Sul'."
De acordo com o cirurgião, o desertor disse que entrou para o Exército norte-coreano aos 17 anos, logo após terminar o segundo grau. Ele usa um cabelo de corte estilo "fuzileiro americano", segundo Lee Cook-Jong. "Perguntei a ele, de brincadeira, se não entraria para o corpo de fuzileiros sul-coreano. Ele sorriu e disse que nunca mais seria militar."
Nesta sexta-feira (24), o ex-soldado deixou a unidade de terapia intensiva e foi transferido para um quarto. Sua condição é considerada estável e os médicos estimam que a recuperação irá demorar cerca de um mês. Apesar disso, é possível que o desertor sofra sequelas físicas. Um dos ferimentos mais graves ocorreu no cólon do militar, atingido por um tiro, que precisou ser reconstruído a partir de sete fragmentos. "Ele é um homem muito forte", afirmou Lee.
Além de remover as balas e reconstruir órgãos atingidos, os médicos ainda precisaram tratar o paciente de tuberculose e hepatite B e retirar lombrigas intestinais que contribuíram para as infecções. Outra preocupação é psicológica, com o desertor mostrando sintomas de estresse psicológico severo e depressão.
O cirurgião descreveu o norte-coreano como um "cara muito legal" que se disse agradecido aos sul-coreanos por terem salvado sua vida e doado grandes quantidades de sangue, necessárias para a recuperação do paciente.
No hospital, Oh tem ouvido muita música pop sul-coreana e assistido a filmes e séries norte-americanas, segundo Lee. Ele gostou muito do filme "Todo Poderoso", com Jim Carrey, e da série de perícia criminal "CSI", de acordo com o médico.
Se seu estado continuar melhorando, Oh será transferido em poucos dias a um hospital militar. Todo o tratamento médico deve custar cerca de 100 milhões de wons (R$ 300 mil), segundo a agência sul-coreana "Yonhap". Agora, o governo sul-coreano estuda quem vai pagar a conta.
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