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Para palestinos, declarar Jerusalém como capital de Israel destrói solução de dois Estados

Simpatizantes do Hamas protestam no campo de refugiados de Jebaliya, em Gaza, contra a decisão dos EUA de reconhecer Jerusalém como capital de Israel - Adel Hana/AP
Simpatizantes do Hamas protestam no campo de refugiados de Jebaliya, em Gaza, contra a decisão dos EUA de reconhecer Jerusalém como capital de Israel Imagem: Adel Hana/AP

Do UOL, em São Paulo

06/12/2017 16h49Atualizada em 06/12/2017 20h52

A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) afirmou nesta quarta-feira (6) que a declaração dos EUA reconhecendo Jerusalém como a capital de Israel destrói a solução de dois Estados negociada no processo de Paz. O movimento islâmico palestino Hamas afirmou nesta quarta-feira que a decisão abre "os portões do inferno para os interesses americanos na região".

 O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, disse nesta quarta-feira que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, viola "todas as resoluções e acordos internacionais" com sua decisão de reconhecer Jerusalém como capital de Israel. "Nesta declaração, (Trump) escolheu violar todas as resoluções e acordos internacionais e bilaterais e contradizer o consenso internacional expressado por posições de vários países do mundo", ressaltou Abbas sobre a nova política de Washington no conflito palestino-israelense.

Para Abbas, as ações dos EUA equivalem às de Israel por "negar os acordos, desafiar a comunidade internacional e incentivar (Israel) a continuar com a política de ocupação, assentamento e limpeza étnica". Além disso, Abbas acrescentou que a decisão de Trump "representa uma retirada de seu papel como promotor do processo de paz".

Ismail Haniyeh, líder do Hamas, acusou o presidente dos EUA, Donald Trump, de desconsiderar os sentimentos palestinos com o reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel. Segundo ele, o povo palestino "sabe como responder adequadamente ao desrespeito de seus sentimentos e santuários". Haniyeh disse ainda que a decisão "não mudará os fatos da história e da geografia".

O secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erekat, acredita que Trump acabou com o papel do governo americano de impulsionar o processo de paz.

Embora o presidente americano tenha apoiado a solução de dois Estados --caso israelenses e palestinos concordem--, na Palestina essa decisão é vista como um reconhecimento da soberania israelense sobre a parte oriental da cidade, ocupada desde 1967 e que os palestinos reivindicam como capital de seu futuro Estado.

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Ismail Radwan, um dos porta-vozes do Hamas, falando a repórteres na Faixa de Gaza, pediu aos países árabes e muçulmanos que "reduzam os laços econômicos e políticos" com as embaixadas dos Estados Unidos e expulsem os embaixadores americanos.

Outro líder do movimento, Ezat Resheg, foi mais longe nas suas declarações, ao considerar a decisão de Trump como uma "agressão" contra o povo árabe, islâmico e "o mundo livre", e disse que "nem o governo americano, nem a ocupação (israelense), nem outros poderes são capazes de impor um fato consumado sobre a cidade ocupada de Jerusalém". "Jerusalém permanecerá como capital eterna da Palestina, de árabes e de muçulmanos", acrescentou, em comunicado.

Resheg advertiu que virão "dias de ira do povo na Palestina" e no mundo todo para rejeitar e "condenar o crime do reconhecimento por Washington como capital da ocupação", ao mesmo tempo que defendia o "direito" palestino de proteger os lugares santos.

Antes do discurso que Trump concedeu em Washington, a Faixa de Gaza foi palco de vários protestos contra a mudança na linha política do governo americano.

O presidente norte-americano, Donald Trump, reverteu décadas de política externa dos Estados Unidos na quarta-feira e reconheceu Jerusalém como a capital de Israel, apesar dos alertas ao redor do mundo de que o gesto causaria ainda mais tensão entre Israel e os palestinos. Em um discurso na Casa Branca, Trump disse que sua administração iniciará um processo para transferir a embaixada dos EUA em Tel Aviv para Jerusalém, o que deverá levar anos.

Uma lei americana de 1995 já estabelece a transferência da embaixada americana para Jerusalém, mas a medida nunca foi aplicada. Os presidentes Bill Clinton, George W. Bush, Barack Obama e o próprio Trump adiaram sua implementação a cada seis meses, alegando "interesses nacionais".

ONU se opõe ao anúncio dos EUA

O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, criticou o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel por Donald Trump e disse ser "contrário a qualquer medida unilateral que coloque em perigo a perspectiva de paz".   

"Apenas com dois Estados que convivam em paz e segurança, com Jerusalém capital de Israel e da Palestina, todas as questões sobre o status quo serão resolvidas de maneira definitiva, e as legítimas aspirações de ambos os povos serão alcançadas", afirmou.

(Com agências internacionais)