Antes da eleição, Trump planejou construir hotel na Letônia com ajuda de apoiador de Putin
Um grupo de empresários que incluía um milionário apoiador de Vladimir Putin começou, em 2010, a fazer planos de construir um hotel com um complexo de entretenimento, em conjunto com Donald Trump, em Riga, capital da Letônia. As informações são do jornal britânico "The Guardian".
Um executivo de Trump chegou a visitar a cidade em busca de um terreno. O atual presidente dos Estados Unidos e sua filha, Ivanka, se reuniram na Trump Tower com o russo Igor Krutoy, que também é ligado aos russos que participaram da fatídica reunião realizada no mesmo local durante a campanha eleitoral de 2016.
Após esse período de estudos, agência de combate à corrupção do governo letão começou a interferir no negócio. Segundo o "Guardian", as conversas com a empresa de Trump se encerraram depois que Krutoy e outros dois empresários foram interrogados pelas autoridades da Letônia em um inquérito criminal. Os envolvidos, no entanto, negam que este tenha sido o motivo para o fim do acordo.
Em 2014, a Letônia pediu auxílio aos Estados Unidos na investigação e recebeu uma resposta do FBI no ano seguinte. Investigadores letões também examinaram uma gravação em que Trump foi mencionado por um suspeito.
Isso prova que o FBI já sabia dos negócios que Trump tinha na Rússia antes da campanha presidencial de 2016. Hoje, o Departamento de Justiça dos EUA, liderado pelo procurador Robert Mueller, investiga a ingerência russa nas eleições americanas.
As negociações para o empreendimento na Letônia começaram em 2010. Em setembro daquele ano, David Orowitz, vice-presidente sênior do Trump para aquisições e desenvolvimento, visitou discretamente o país em busca de terrenos. Em junho do ano seguinte, Krutoy e dois sócios tiveram uma reunião com a filha mais velha de Trump, Ivanka, na Trump Tower, em Manhattan. Eles ainda se encontraram com Trump no mesmo dia.
A ideia era construir um local que servisse de hotel e também que abrigasse um concurso anual de talentos musicais criado por Krutoy, que é um compositor famoso na Rússia e já foi condecorado por Putin.
Em julho, Krutoy anunciou, em Riga, ao lado do empresário letão Ainãrs Šlesers, ex-vice-primeiro-ministro do país, que estava atraindo a atenção de Trump.
As negociações continuaram até o ano seguinte, quando Krutoy foi interrogado pela Agência de Prevenção e Combate à Corrupção da Letônia (KNAB). O russo não foi formalmente acusado e sempre negou ter cometido qualquer delito. Šlesers, no entanto, era figura central no inquérito, suspeito de usar o seu cargo público para influenciar decisões que beneficiavam empresas que ele secretamente possuía.
Com as investigações, as negociações com Trump foram canceladas.
Durante as investigações, o nome de Trump apareceu em escutas feitas durante reuniões em um hotel em Riga. Em fevereiro de 2011, Šlesers disse a um possível investidor que tinha um acordo com Trump para fazer um hotel. Por isso, o governo da Letônia pediu, em fevereiro de 2014, o auxílio dos Estados Unidos. Autoridades do país requisitaram, inclusive, que Trump fosse ouvido durante o inquérito.
Pelo menos um executivo das Organizações Trump foi ouvido por agentes do FBI. A empresa também respondeu por meio de um documento algumas questões levantadas pelos letões.
Na Letônia, as investigações que ficaram conhecidas como "Caso Oligarcas" acabaram sem um resultado satisfatório, o que frustrou os órgãos anticorrupção do país.
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