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Após afagos com Trump, Macron critica posições dos EUA em seu discurso no Congresso

Brendan Smialowski/AFP
Imagem: Brendan Smialowski/AFP

Do UOL, em São Paulo

25/04/2018 13h06

Depois de dois dias de apertos de mão calorosos, abraços e afagos, o presidente da França, Emmanuel Macron, usou o seu discurso perante o Congresso dos EUA para criticar posições do presidente dos EUA, Donald Trump, a respeito do acordo climático de Paris, da disputa comercial com parceiros americanos e defendeu o acordo nuclear com o Irã.

Enquanto falava que esperava o retorno dos EUA ao pacto de Paris, que estabelece a redução de emissões de gases estufa para conter o aquecimento global, o francês foi aplaudido somente por congressistas democratas, enquanto os republicanos silenciaram. "Vamos encarar a verdade: não há plano B para o planeta", disse Macron. Atualmente, EUA e Síria são os únicos países que não integram o acordo. Macron disse esperar que a Casa Branca volte a assinar o pacto.

Um dia depois de sinalizar que a França estaria disposta a discutir um novo acordo nuclear com o Irã, Macron fez questão de ressaltar que o acordo "não deveria ser invalidado sem que seja substituído por algo mais substancial". "Nós assinamos, os EUA e a França. E por isso que não podemos dizer que vamos nos livrar do que já foi feito", disse. "O seu presidente e seu país deveriam assumir suas próprias responsabilidades sobre esta questão", acrescentou.

Macron afirmou ainda que o Irã não deveria "nunca possuir armas nucleares". "Nem agora, nem em cinco anos, nem em dez anos, nunca", disse o presidente francês, acrescentando que a prevenção de um Irã nuclear "nunca deveria nos guiar para uma guerra no Oriente Médio".

Sobre os riscos de uma guerra comercial entre os Estados Unidos e a União Europeia (UE), Macron afirmou que a disputa "não é coerente com a nossa missão. O único resultado que conseguirá é destruir empregos, aumentar os preços e a classe média terá que pagar por isso", disse o francês, que pediu a Washington que exima permanentemente a UE de suas tarifas ao aço e ao alumínio.

O presidente da França alertou ainda contra o isolacionismo e "a esperança do nacionalismo" e pediu para que se aposte em "um forte multilateralismo" que impeça a decadência de instituições como ONU e Otan. "Fechar as portas para o mundo não parará a evolução do mundo", disse Macron em discurso em ambas as câmaras do Congresso dos Estados Unidos, um dia após ter se reunido com Donald Trump e ser recebido para o jantar de Estado, o primeiro do presidente republicano.

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