Coreias do Norte e do Sul se comprometem com fim de armas nucleares e acordo de paz até 2019
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in se comprometeram, nesta sexta-feira (27), em assinar um acordo de paz permanente até o fim de 2018 e desarmar todo o arsenal nuclear da península.
O acordo de paz envolveria também os Estados Unidos - Donald Trump e Kim Jong-un devem se encontrar entre maio e junho - e a China, que assinaram o armistício que encerrou a Guerra da Coreia em 1953. Os líderes disseram que esperam que todos os países envolvidos concordem em um tratado que encerre a guerra até o final do ano.
"O Norte e o Sul vão cooperar ativamente para estabelecer um sistema de paz permanente e estável na península coreana", afirma a declaração conjunta assinada por Kim Jong-un e Moon Jae-in ao final da histórica cúpula realizada durante toda esta sexta-feira na fronteira militarizada.
Antes disso, um ato concreto que os dois líderes acertaram foi o fim dos sistemas de alto-falante que irradiam propaganda contrária aos respectivos governos na fronteira.
Os dois acertaram também uma visita de Moon Jae-in a Pyongyang no segundo semestre deste ano.
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Dúvida sobre o fim das armas nucleares
Apesar do compromisso em retirar as armas nucleares da península, Kim e Moon não explicaram como será feito esse processo, o maior obstáculo para as negociações permanentes de paz. No comunicado conjunto, há apenas uma intenção de "estabelecer uma península coreana sem armas nucleares através de uma desnuclearização completa".
Mas os dois líderes se comprometeram em interromper todos os atos hostis em "terra, mar e ar" que podem causar tensões militares. Até o início deste ano, os testes nucleares realizados pelo Norte e os exercícios militares realizados em conjunto entre EUA e Coreia do Sul frequentemente eram motivo de repúdio do outro lado.
Fim de alto-falantes e folhetos de propaganda
Um ato concreto que os dois líderes acertaram, e que só depende das duas Coreias, foi o fim dos sistemas de alto-falante que irradiam propaganda contrária aos respectivos governos na fronteira. O sistema, que foi suspenso nesta sexta-feira para a cúpula, será desligado em 1º de maio e começará a ser desmontado.
Outra ação parecida foi o comprometimento com o fim dos folhetos de propaganda contrária que eram despejados pelo ar do outro lado da fronteira.
"Guerra da Coreia vai acabar!", diz Trump
Entusiasta das negociações entre as Coreias, depois de um ano de troca de acusações e provocações com Kim Jong-un, o presidente norte-americano, Donald Trump, se mostrou cauteloso ao comentar o encontro entre Kim e Moon.
"Após um ano furioso de lançamentos de mísseis e testes nucleares, um encontro histórico entre a Coreia do Norte e do Sul está acontecendo agora. Coisas boas estão acontecendo, mas somente o tempo responderá", afirmou o presidente no Twitter.
Minutos depois, em uma nova postagem, Trump se mostrou mais entusiasmado. "A GUERRA DA COREIA VAI ACABAR! Os Estados Unidos, e toda sua GRANDE população, deve ter orgulho do que está acontecendo na Coreia!".
Shinzo Abe, premiê japonês, afirmou que a cúpula havia sido um "passo adiante" e disse que agora espera uma "ação concreta" da Coreia do Norte pela desnuclearização.
Reunião durou o dia inteiro
Na sessão matutina da reunião, que durou 100 minutos, "falaram sobre a desnuclearização e estabelecimento da paz na península e sobre melhoria das relações" entre os dois países, que tecnicamente seguem em guerra, de acordo com o porta-voz da presidência sul-coreana, Yoon Young-chan.
Kim e Moon estiveram reunidos na Peace House ("Casa da Paz"), um edifício localizado no lado sul da zona de segurança conjunta. Ele foi construído em 1989 e é palco de várias reuniões intercoreanas (embora nunca uma cúpula) e condicionado nos últimos dias. É um prédio de três andares, terraço e porão operado pelo Serviço Nacional de Inteligência (NIS) sul-coreano.
Após a reunião, os líderes e suas delegações se dirigiram para lugares diferentes. O líder supremo e sua comitiva se deslocaram para o pavilhão Panmungak, localizada em frente à demarcação militar e no território norte-coreano, enquanto a delegação sul-coreana, liderada por Moon, permaneceu na Peace House.
Histórico
O encontro entre as duas Coreias que acontece nesta sexta (26) é histórico: um líder norte-coreano não atravessava essa fronteira desde o fim da Guerra das Coreias (1950-53).
Os dois países estão tecnicamente em guerra desde 1953 - um armistício foi acordado na ocasião e, desde então, não houve um tratado de paz. Era esperado que essa reunião fosse um primeiro passo no sentido de um acordo.
Desde o início de 2018, Kim Jong-Un tem tomado uma série de iniciativas no sentido da aproximação. Além do encontro com o líder norte-coreano, nesta sexta, ele irá se reunir com o presidente dos EUA, Donald Trump, em algum momento nas próximas semanas. Também se comprometeu anteriormente a suspender os testes nucleares e de mísseis que tanto temor causaram ao mundo até o ano passado.
A Coreia do Sul parou nesta sexta-feira (27), madrugada no Brasil, para acompanhar o encontro. Aulas foram suspensas e um telão gigante foi instalado na capital Seul.
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