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Por cúpula do G20, Buenos Aires fica sem metrô e fecha um dos aeroportos

Vista aérea da avenida 9 de Julho, uma das principais de Buenos Aires, durante uma greve de transportes em abril de 2007 - JUAN MABROMATA/AFP
Vista aérea da avenida 9 de Julho, uma das principais de Buenos Aires, durante uma greve de transportes em abril de 2007 Imagem: JUAN MABROMATA/AFP

Talita Marchao

Do UOL, em São Paulo

27/11/2018 04h01

Buenos Aires vai passar por uma provação nesta semana. Por dois dias vai ficar sem metrô e trens, com bairros inteiros fechados e restrições à circulação. Um dos principais aeroportos do país também ficará fechado. Tudo por conta da segurança durante a cúpula do G20, que acontece de sexta-feira (30) a sábado (1º).

O G20 reúne líderes de 19 grandes economias mundiais mais a União Europeia. Da América do Sul, estão presentes apenas o Brasil e a Argentina, que sedia o evento neste ano.

Para evitar um caos na cidade de 2,9 milhões de habitantes, autoridades decretaram feriado na sexta-feira e pediram que os portenhos aproveitem para sair da capital. Para os argentinos que decidirem permanecer, o apelo é para que não passem pelas áreas mais sensíveis, por onde circularão as 38 autoridades e chefes de Estado que participarão do encontro, entre eles o presidente dos EUA, Donald Trump, que faz sua primeira visita a um país sul-americano desde que assumiu o cargo, em 2017.

Entre os bairros afetados estão regiões de grande circulação de Buenos Aires, como o centro, incluindo a praça de Maio, a avenida 9 de Julho, e os bairros de Puerto Madero, Retiro, Recoleta, parte de Palermo e a Costaneira Norte --que permanecerá completamente fechada durante todo o evento. Quem vive na região poderá ir e vir desde que se identifique como morador e respeite as interdições.

As restrições do metrô portenho já começam a ser aplicadas na quinta-feira (29), quando os serviços serão reduzidos, como na linha que atende o bairro da Recoleta, famoso entre os turistas. Na sexta e no sábado, todas as linhas de metrô e de trens serão paralisadas.

O terminal de ônibus e trens do Retiro, que recebe 50 mil passageiros por dia, também permanecerá fechado entre quinta-feira e domingo. As linhas de ônibus devem seguir operando normalmente, mas terão seus itinerários modificados, evitando as áreas restritas. Os terminais de vans Obelisco e Madero também serão fechados --juntos, atendem 90 mil pessoas por dia. O sistema de Metrobus –uma espécie de metrô de superfície-- também será afetado, prejudicando mais de 1 milhão de pessoas que usam os serviços diariamente.

O aeroporto que fica dentro de Buenos Aires, conhecido como Aeroparque, será reservado para chegadas e partidas de comitivas oficiais entre a tarde de quinta e o fim da noite de sábado. O aeroporto internacional de Ezeiza, que fica a cerca de uma hora de carro de Buenos Aires, permanecerá aberto durante o período, mas terá as medidas de segurança reforçadas.

Até mesmo o Buquebus, o serviço de barco que liga Buenos Aires ao Uruguai, no rio da Prata, será interrompido durante a cúpula.

Para efeito de comparação, seria como se São Paulo passasse dois dias sem metrô, trens da CPTM, com as regiões do centro e da avenida Paulista fechadas, e com o aeroporto de Congonhas fechado. Se o trânsito já piorou com a interdição do viaduto na marginal Pinheiros, imagine o que aconteceria com tantos desvios.

Protestos durante o G20

Não são apenas as interdições de transporte e nos bairros que devem dificultar a vida de quem circular por Buenos Aires nos próximos dias. Protestos previstos para quinta e sexta também devem piorar o caos na cidade.

Existem atos previstos na área da praça do Congresso e do Obelisco, na região central. Os grupos defendem que seja realizada uma “Semana de Ação contra o G20 e o FMI” (Fundo Monetário Internacional).

Cerca de 25 mil policiais, militares e oficiais de inteligência farão a segurança dos 28 chefes de Estado e dez autoridades. Trump vem ainda com um efetivo de segurança de mil pessoas. O governo americano mandou ainda um porta-aviões e aeronaves militares.

Nada exagerado se se pensar que o governo argentino não conseguiu garantir a segurança nem da delegação do time de futebol do River Plate na chegada ao estádio Monumental, palco da final da Libertadores no final de semana. A partida acabou sendo adiada por tempo indeterminado.

O presidente da China, Xi Jinping, fez uma doação de US$ 18 milhões (cerca de R$ 69 milhões) em equipamentos de segurança, como carros blindados, detectores de minas, bombas e drogas.

Na semana passada, foram registradas ameaças de bombas na capital argentina. Entre os alvos estavam a embaixada americana, a biblioteca do Congresso, um edifício anexo ao Senado e um hospital --nada foi encontrado. Uma bolsa com seis granadas foi encontrada em uma estação de trem da cidade.