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Itamaraty recua de convite a Maduro após orientação de equipe de Bolsonaro

14.nov.2018 - O futuro ministro das Relações Exteriores, embaixador Ernesto Fraga Araújo - Valter Campanato/Agência Brasil
14.nov.2018 - O futuro ministro das Relações Exteriores, embaixador Ernesto Fraga Araújo Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil

Janaina Garcia e Luciana Amaral

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

16/12/2018 09h49Atualizada em 16/12/2018 20h18

O Itamaraty desistiu de convidar os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e de Cuba, Miguel Díaz-Canel, para participar da posse de Jair Bolsonaro no próximo dia 1º de janeiro, em Brasília, após receber uma orientação da equipe do futuro governo. 

A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do Itamaraty. Um convite chegou a ser enviado para os dois países, mas, ainda conforme a assessoria, um novo documento formal com o recuo já foi enviado após a orientação.

Na manha deste domingo, o futuro ministro das Relações Exteriores no governo de Jair Bolsonaro (PSL), o embaixador Ernesto Araújo, afirmou que Maduro não foi convidado para a cerimônia de posse, em Brasília, "em respeito ao povo venezuelano".

Em mensagem publicada em seu perfil oficial no Twitter, Araújo disse que "não há lugar para Maduro numa celebração da democracia e do triunfo da vontade popular brasileira. Todos os países do mundo devem deixar de apoiá-lo e unir-se para libertar a Venezuela".

Após a declaração de Araújo, o ministro das Relações Exteriores e ex-vice-presidente da Venezuela, Jorge Arreaza, divulgou em sua conta no Twiiter o convite para a posse de Bolsonaro enviado pelo governo brasileiro.

Na rede social, Arreaza apresenta dois documentos atribuídos ao Ministério das Relações Exteriores brasileiro com o convite. Um teria sido emitido pela embaixada brasileira em Caracas, em espanhol, e, outro, pelo Itamaraty, em português. Em ambos, o Itamaraty - hoje sob o comando de Aloysio Nunes, do governo Michel Temer (MDB) -, convida Maduro para a posse presidencial.

As relações entre os dois países, próximas nos governos do PT, se distanciaram na gestão de Michel Temer (MDB). Durante a campanha, a proximidade foi criticada pela campanha de Bolsonaro.

Em seu pronunciamento após a vitória eleitoral, Bolsonaro prometeu "libertar o Brasil e o Itamaraty das relações internacionais com o viés ideológico a que foram submetidos nos últimos anos".

Apesar das críticas do capitão reformado do Exército durante a campanha, Maduro o parabenizou no domingo do segundo turno pela vitória nas urnas. "O povo e o governo venezuelano ratificam seu compromisso em continuar trabalhando de mãos dadas com o povo-irmão brasileiro por um mundo mais justo e multipolar", informou nota de Maduro divulgada pelo chanceler venezuelano Jorge Arreaza em sua conta no Twitter.

Também pelo Twitter, Arreaza divulgou um suposto documento de resposta do governo venezuelano com a recusa do convite. O texto diz que "o governo socialista, revolucionário e livre da Venezuela não assistiria jamais à posse de um presidente que é a expressão da intolerância, do fascismo e da entrega de interesses contrários à integração latino-americana e caribenha".

À noite, ainda no Twitter, Bolsonaro disse que "regimes que violam as liberdades de seus povos e atuam abertamente contra o futuro governo do Brasil por afinidade ideológica com o grupo derrotado nas eleições, não estarão na posse presidencial em 2019".