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"Pode ser um elogio", diz E. Bolsonaro sobre o pai ser chamado de fascista

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) com o pai, o presidente Jair Bolsonaro - 04.dez.2018 - Adriano Machado/Reuters
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) com o pai, o presidente Jair Bolsonaro Imagem: 04.dez.2018 - Adriano Machado/Reuters

Do UOL, em São Paulo

10/01/2019 20h14

O deputado federal Eduardo Bolsonaro, por meio de suas redes sociais, respondeu ao presidente venezuelano Nicolás Maduro após o mandatário classificar Jair Bolsonaro (PSL) como "fascista". 

 "A depender de quem nos insulte isso pode ser um elogio. Obrigado @NicolasMaduro por tentar ofender Bolsonaro", escreveu o deputado. 

Maduro foi empossado presidente na manhã desta quinta (10) em Caracas, sob críticas da comunidade internacional. Durante seu discurso de posse, Maduro voltou a chamar o Grupo de Lima, com países da região que não reconhecem o seu novo mandato, como um "cartel" que usa o "direito internacional" contra a Venezuela. "Querem nos dar ordens sobre o que deve ser feito na Venezuela", disse Maduro.

Em sua fala, o venezuelano chamou o presidente Jair Bolsonaro de "fascista". "A direita venezuelana infectou a direita latino-americana com seu fascismo. Vamos ver o caso do Brasil com a ascensão de um fascista como Jair Bolsonaro", disse Maduro.

Mandato "ilegítimo"

O Ministério das Relações Exteriores reiterou, nesta quinta-feira (10), que considera o mandato do venezuelano Nicolás Maduro "ilegítimo"."Nicolás Maduro não atendeu às exortações do Grupo de Lima, formuladas na Declaração de 4 de janeiro, e iniciou novo mandato presidencial ilegítimo, o Brasil reafirma seu pleno apoio à Assembleia Nacional, órgão constitucional democraticamente eleito" diz a nota do Itamaraty. 

"O Brasil confirma seu compromisso de continuar trabalhando para a restauração da democracia e do estado de direito na Venezuela, e seguirá coordenando-se com todos os atores comprometidos com a liberdade do povo venezuelano."

Além do Grupo de Lima, órgão que reúne chanceleres de países das Américas e que afirmou não reconhecer o mandato de Maduro, a Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou uma resolução que considerou ilegítimo o segundo mandato do presidente venezuelano.

A resolução, aprovada por 19 votos a favor, seis contra, oito abstenções e uma ausência, declara a "ilegitimidade do novo mandato de Nicolás Maduro que se iniciou em 10 de janeiro". A medida é um chamado à "realização de novas eleições presidenciais com todas as garantias necessárias para um processo livre, justo, transparente e legítimo", estipula a resolução. 

Entre os países que votaram a favor estão Argentina, Estados Unidos, Colômbia, Chile, Equador, Canadá e Brasil. Venezuela, Nicarágua, Bolívia e alguns países caribenhos votaram contra, e entre os países que se abstiveram, o México e o Uruguai. 

A delegação venezuelana na OEA, liderada pelo embaixador Samuel Moncada, criticou a realização da reunião, classificando a medida como um "ato hostil" e antecipou que o governo de Maduro não reconheceria qualquer medida que nela fosse aprovada.

Maduro venceu em 20 de maio uma eleição boicotada pela oposição. Seu país está mergulhado em uma grave crise política e econômica que obrigou 2,3 milhões de pessoas a deixá-lo desde 2015, segundo a ONU.

Entenda as controvérsias em relação à posse de Maduro

Maduro destituiu o Parlamento de maioria opositora eleito em 2015 (mas que nunca conseguiu efetivamente legislar) e convocou uma Assembleia Constituinte. Com maioria chavista, a Constituinte adiantou as eleições presidenciais, realizadas em maio. Maduro foi reeleito para um novo mandato de seis anos, e o chavismo, que controla o país desde 1999, ganhou sobrevida.

Ele saiu vitorioso nas urnas em um pleito em que as muitas lideranças da oposição foram impedidas de concorrer --os que não estão presos ou exilados foram proibidos de disputar qualquer cargo.

Segundo os números oficiais, Maduro teve 67,8% dos votos, contra 20,93% do opositor Henri Falcón.

Mas, dos 20,5 milhões de eleitores registrados para votar em maio do ano passado, 54% não compareceram --o maior índice de abstenção na história eleitoral da Venezuela. 

Observadores internacionais independentes foram vetados de participar das apurações. É por causa de todas estas manobras que a comunidade internacional considera que o mandato que Maduro assume nesta quinta é ilegítimo. 

A União Europeia e os EUA também defendem a realização de novas eleições no país, de modo democrático.