Mourão descarta retirada de embaixada da Palestina, promessa de Bolsonaro
Promessa feita pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) durante a campanha eleitoral, o fechamento da embaixada da Palestina em Brasília foi descartado nesta quarta-feira (23) pelo vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), que falou em "retórica e ilação".
Ao ser questionado sobre a promessa de Bolsonaro, Mourão, que está exercendo a Presidência interinamente desde o domingo (20), foi categórico: "Não, nada disso. Os dois Estados são reconhecidos, tá?", respondeu.
"O resto tudo é retórica e ilação. Aguardem... como é que falou o embaixador alemão [após visita na segunda-feira]? Aguardem os atos", comentou, em referência a declaração do diplomata europeu Georg Witschel, que disse querer melhorar uma "reputação do Brasil que pode ser meio errada".
No dia 7 de agosto, Bolsonaro disse que, se fosse eleito, retiraria a representação palestina do país. Para ele, a embaixada não pode existir na capital federal porque "a Palestina não é um país".
"A Palestina não sendo país, não teria embaixada aqui. ... Não pode fazer puxadinho, se não daqui a pouco vai ter uma representação das Farc aqui também", afirmou Bolsonaro, citando as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, organização paramilitar que chegou a um acordo de paz com o governo colombiano em 2016.
Apesar da fala de Bolsonaro, o Brasil reconhece a Palestina como um estado desde 2010. Já a ONU (Organização das Nações Unidas) decidiu reconhecê-la como estado observador, em 2012.
A iniciativa de retirar e representação palestina se somaria a polêmica transferência da embaixada brasileira em Israel para Jerusalém, também prometida por Bolsonaro, mas atualmente em processo de análise.
A representação diplomática no país funciona, atualmente, na cidade de Tel Aviv, internacionalmente reconhecida como a capital do país. Desde o começo do século 20, árabes e judeus travam uma intensa disputa para transformar Jerusalém em capital da Palestina e de Israel, respectivamente.
Por isso, transferir a embaixada é um movimento que pode ser interpretado como o reconhecimento por parte de Brasil que Jerusalém é a capital israelense, uma decisão considerada polêmica. De acordo com resoluções da ONU (Organização das Nações Unidas), o destino da cidade sagrada deve ser decidido em negociações entre Israel e os palestinos.
No fim do mês passado, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou durante encontro com a comunidade judaica no Rio de Janeiro que Bolsonaro lhe assegurou que a mudança vai acontecer. "Não é questão de 'se', é de 'quando'", disse.
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