Bolsonaro confirmou que mudará embaixada para Jerusalém, diz Netanyahu
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou neste domingo (30), durante encontro com a comunidade judaica no Rio de Janeiro, que o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) assegurou que a embaixada brasileira será transferida para Jerusalém. "Não é questão de 'se', é de 'quando'", afirmou o premiê em discurso em Copacabana, na zona sul da cidade.
"Bolsonaro me disse: 'Vou mudar a embaixada para Jerusalém'", relatou Netanyahu aos presentes.
A embaixada brasileira em Israel funciona, atualmente, na cidade de Tel Aviv, internacionalmente reconhecida como a capital do país. Desde o começo do século 20, árabes e judeus travam uma intensa disputa para transformar Jerusalém em capital da Palestina e de Israel, respectivamente.
Por isso, transferir a embaixada é um movimento que pode ser interpretado como o reconhecimento por parte de Brasil que Jerusalém é a capital israelense, uma decisão considerada polêmica. De acordo com resoluções da ONU (Organização das Nações Unidas), o destino da cidade sagrada deve ser decidido em negociações entre Israel e os palestinos.
Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro disse que mudaria a embaixada de cidade. No sábado (29), porém, ele divulgou em sua conta no Twitter um vídeo no qual diz que ainda está avaliando a transferência. A afirmação foi feita durante entrevista ao pastor Silas Daniel, gravada em 11 de dezembro, mas divulgada ontem. Neste domingo, Bolsonaro não se pronunciou sobre o tema.
Mais tarde, durante encontro com a comunidade cristã, Netanyahu elogiou Bolsonaro. "Jair é o nome do nosso filho mais velho, e significa 'trazer a luz'. Acho que teremos a oportunidade de fazer isso juntos, trazer muita luz. É uma aliança de irmandade", disse o premiê.
Netanyahu está no Brasil a convite de Bolsonaro e confirmou presença na posse, no dia 1º de janeiro. "Israel está vindo para a América Latina, a América Latina está indo para Israel", disse o premiê, que viajará para Brasília na terça-feira. Além de participar da posse, ele deve se reunir com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, e com o presidente do Chile, Sebastián Piñera.
O premiê descartou qualquer risco de terrorismo para os países que estão mudando suas embaixadas para Jerusalém, como Estados Unidos e Guatemala já fizeram. "Em um ano desde a mudança dos Estados Unidos, não tivemos nenhum caso por causa das embaixadas. Nossa inteligência mostra que a mudança não representa riscos."
Sob anonimato, uma autoridade israelense que participou do encontro entre Bolsonaro e Netanyahu na sexta-feira (28) afirmou que a mudança da embaixada não é precondição para os acordos e parcerias que devem ser firmados no novo governo.
A Liga Árabe fez um alerta ao Brasil, no começo de dezembro, sobre os prejuízos que poderiam ser causados nas relações com os países árabes. Uma carta do secretário-geral da liga, Ahmed Aboul-Gheit, foi entregue ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
Passeio e caipirinha na orla carioca
Em seu primeiro dia no Brasil, Netanyahu visitou a praia do Leme, na zona sul, acompanhado da mulher, Sara. Em um restaurante, o casal escolheu pratos brasileiros, cerveja e caipirinha.
Neste domingo, o premiê falou sobre a experiência do dia anterior: "Ouvi gritos de 'Palestina livre', mas também fui muito aplaudido", disse. E ainda destacou a importância do voo direto entre São Paulo e Tel Aviv, afirmando que Israel está tentando um acordo com o Chade para que o voo possa sobrevoar o território do país e, assim, encurtar a viagem de 4 horas até a capital paulista --desse modo, o voo duraria 11 horas.
"O Brasil representa uma série de oportunidades surpreendentes, principalmente em setores como segurança, tecnologia e agricultura", afirmou Netanyahu. Segundo ele, estes temas estão em discussão com a equipe de Bolsonaro, para debater sobre como trabalharão juntos no próximo governo. "Será uma grande parceria", disse.
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