Áudio mostra que brasileiros confundiram efeitos do gás com virose no Chile
Mensagens de áudio enviadas por Débora Muniz Nascimento de Souza, 38, de dentro do apartamento onde ela, o marido, os dois filhos, o irmão e a cunhada morreram em Santiago, mostram não só a evolução dos sintomas da intoxicação por inalação de monóxido de carbono, mas que a família pensava ter contraído um vírus durante a viagem.
Os áudios foram enviados para familiares aqui no Brasil. Em um deles, ofegante, Débora diz que eles foram "contaminados por alguma coisa" e que estavam em estado de choque.
Eu acho que nós fomos contaminados por algum vírus que paralisa as articulações, que dá ânsia, dá vômito. Eu não sei o que vai ser de mim" .
Débora, em áudio.
A família estava em um apartamento alugado via Airbnb, site de hospedagens, no centro de Santiago. Após a tragédia, bombeiros testaram o ar dentro do apartamento e encontram altas concentrações de monóxido de carbono, resultante da combustão ocorrida em aquecedores de água e ambiente.
Sintomas iguais aos de uma virose
Sem cheiro, gosto ou cor, os sintomas iniciais de intoxicação por monóxido de carbono, que segundo a polícia chilena pode ter matado a família brasileira, podem ser confundidos com uma virose.
A supervisora do Centro de Informações e Assistência Toxicológica de Santa Catarina, Cláudia Regina dos Santos, indica alguns deles:
- náusea e vômito
- dor de cabeça e no corpo
- confusão mental
Efeitos similares no corpo são observados também após contaminação por gás de cozinha (o butano) - mais comum no Brasil.
"A pessoa sente esse mal-estar inicial e associa com a possibilidade de uma virose, ou ter comido alguma coisa que não fez bem. A tendência é a pessoa ir querer deitar para ver se melhora. Ai só vai ficando mais tempo nesse ambiente sem o oxigênio disponível e o quadro vai agravando cada vez mais", explica.
Em outro áudio, Débora diz que o filho Felipe Nascimento de Souza, 13, está "roxo" e que "está morrendo". Diz que eles o colocaram dentro de uma banheira com água quente, mas que o braço dele apresentava problemas. "Eu não sei o que fazer", disse. Ela também afirma que as articulações dela estavam parando e ficando roxas.
Santos diz que casos de "arroxeamento" (chamados cientificamente de cianose) não são característicos de intoxicação por monóxido de carbono, mas que a falta de oxigênio pode causar vermelhidão, além de confusão mental.
"Sem oxigênio não há energia para bombear o coração. (...) Como o monóxido de carbono não tem cheiro, a pessoa vai perdendo as forças, não sabe o que está acontecendo e, quando percebe, não tem forças para reagir", diz o coordenador do Centro de Assistência Toxicológica de São Paulo, Anthony Wong.
*Com reportagem de Wanderley Preite Sobrinho, em São Paulo
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