Família morta no Chile: "Airbnb" estava em prédio sem certificado de gás
A morte de seis turistas brasileiros intoxicados por monóxido de carbono na quarta-feira em um apartamento alugado pelo aplicativo Airbnb em Santiago, que não tinha certificado de uso de gás em dia, lança dúvidas sobre a forma de operar desta conhecida plataforma de aluguel de residências.
A Superintendência de Eletricidade e Combustível (SEC) confirmou à AFP que o prédio onde aconteceu o acidente - perto do centro de Santiago - não contava com um selo verde. A certificação é concedida quando as instalações de gás estão funcionando corretamente.
A SEC abriu uma investigação para esclarecer a origem do ocorrido, centrada em três elementos em funcionamento no imóvel: aquecedor, forno e fogão a gás
A linha principal da investigação é que o acidente aconteceu devido ao mau funcionamento de um aparelho a gás, que pode ter sido o aquecedor de água, o aquecedor geral ou do gás de cozinha, explicou o chefe da SEC, Luis Ávila, à imprensa local.
Moradores do edifício - que foi evacuado por completo - afirmaram que não constataram nenhum cheiro de gás no local horas antes do acidente.
As vítimas, cinco catarinenses e uma goiana, estavam em Santiago para celebrar o aniversário de uma delas e eram da mesma família: um casal, de 41 e 38 anos, seus filhos, de 14 e 13, e o irmão e a cunhada da mãe dos adolescentes, de 30 e 27 anos.
O motivo da viagem ao Chile era a celebração do aniversário da menina, que faria 15 anos na sexta-feira.
Pouco antes de ocorrer a tragédia, a família foi notificada no Chile sobre a morte da avó paterna dos adolescentes vítima de um câncer, o que levou o grupo a antecipar o regresso ao Brasil.
Os turistas passavam uma semana de férias em Santiago e conseguiram alertar seus familiares quando começaram a se sentir mal. Os parentes então alertaram o consulado do Brasil em Santiago. Quando os funcionários brasileiros chegaram ao local junto com a polícia encontraram todos mortos.
Apartamento alugado através da Airbnb
A plataforma Airbnb confirmou que o apartamento em Santiago, no qual seis turistas brasileiros morreram intoxicados com monóxido de carbono, foi alugado por meio dela.
Em um comunicado recebido pela AFP, a plataforma lamenta o acidente e diz que está "acompanhando de perto a situação e trabalhando com urgência para dar apoio às famílias dos hóspedes neste momento tão difícil".
No texto, a plataforma destaca que, apesar de a segurança ser prioridade, são os "anfitriões (donos, ou administradores das casas e apartamentos) que devem certificar que seguem as leis e regulações locais".
A empresa disse ainda ter um programa que entrega detectores de fumaça e monóxido de carbono de maneira gratuita aos anfitriões que pedirem. No comunicado, destaca-se também que, em mais de 500 milhões de chegadas de viajantes por intermédio da Airbnb, "os incidentes negativos são extremamente raros".
A companhia americana acrescentou que, se um hóspede reservar um espaço onde o anfitrião não informou se há detectores de fumaça, ou monóxido de carbono, o próprio site indica isso. Assim, insiste a Airbnb, o cliente fica a par e pode tomar as precauções necessárias.
O ministério das Relações Exteriores informou através de um comunicado que acompanha a investigação das circunstâncias das mortes pelas autoridades chilenas e os trâmites necessários para o traslado dos corpos.
No Chile, Airbnb diz que dono tem de se certificar de que segue lei
Em comunicado enviado à imprensa chilena, o Airbnb lamentou a morte da família brasileira hospedada em um apartamento alugado pelo site e disse que os "anfitriões devem se certificar de que seguem leis e regulamentações locais".
Gigante da tecnologia, a empresa baseada em São Francisco, nos Estados Unidos, mostrou um tom mais incisivo no comunicado enviado aos jornais chilenos do que o visto na nota distribuída para a imprensa brasileira.
Por lá, o comunicado deixa a entender que cabe aos donos das casas verificar que cumprem com requisitos de segurança, e aos hóspedes checar se eles estão disponíveis.
Em 2017, a empresa registrou receita de 2,6 bilhões de dólares (mais de R$ 10 bilhões) conectando proprietários de casas (anfitriões) a pessoas interessadas em alugá-las (hóspedes). Não há fiscalização, e o fundador da empresa, Joe Gebbia, já disse que a ferramenta é "desenhada para a confiança" - notas e revisões deixadas pelos usuários são um dos pilares de segurança da ferramenta.
Em Santiago ontem, a suspeita é que um vazamento de gás tenha matado seis pessoas: Fabiano de Souza, 41; a mulher dele Débora Muniz Nascimento de Souza, 38; os filhos, Karoliny Nascimento de Souza, 14, e Felipe Nascimento de Souza, 13; Jonathas Nascimento Kruger (irmão de Débora), 30, e Adriane Padilha Kruger.
Hóspede é avisado sobre detector de gás
No comunicado publicado no Chile, o Airbnb diz que avisa aos hóspedes sobre a falta de detectores de gás.
"Se um hóspede reservar um espaço onde o anfitrião ainda não informou ter detectores de fumaça ou de monóxido de carbono, a plataforma Airbnb indicará isso ao hóspede para que ele saiba e possa tomar as precauções necessárias".
O site também destaca a distribuição de detectores aos donos de casas.
"Temos um programa que fornece detectores de fumaça e monóxido de carbono aos anfitriões que o solicitem", afirmou a empresa.
No Brasil, a empresa diz que não responsabiliza o dono do apartamento, já que as causas das mortes ainda estão sendo investigadas.
Segurança é prioridade, diz empresa
No Brasil, a empresa diz que está "profundamente consternada com este trágico incidente". Eles anunciaram que pagarão o transporte dos corpos ao Brasil.
"Nós nos solidarizamos com os familiares e estamos em contato para prestar todo apoio necessário aos familiares neste momento difícil. A segurança de nossa comunidade de viajantes e anfitriões é a nossa total prioridade", completa o texto.
O Airbnb é alvo de controvérsias em grandes cidades no mundo, que vão da disputa para o recolhimento de impostos ao encarecimento do aluguel para moradores locais. O setor hoteleiro também se queixa da competição proporcionada pela ferramenta.
*Com informações da AFP
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