Bolsonaro brinca com caçula e diz que embaixadores não fizeram nada de bom
"Estou com o embaixador aqui do meu lado. Vem cá, embaixador. Gostaram?" Foi com essa brincadeira que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) apresentou o filho Jair Renan aos jornalistas durante a cúpula do Mercosul, que acontece até hoje na cidade de Santa Fé, na Argentina.
Bolsonaro defendeu a indicação de outro filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para a embaixada nos EUA, e criticou a atuação dos últimos embaixadores que comandaram a missão diplomática brasileira em Washington. "Se vocês pegarem de 2003 para cá, o que os embaixadores nossos, que tivemos do Brasil nos EUA, fizeram de bom para nós? Nada", afirmou o presidente.
No período citado por Bolsonaro, a embaixada brasileira em Washington foi comandada por ao menos três diplomatas que se tornaram ministros das Relações Exteriores: Antonio Patriota, ministro de Lula, e Mauro Vieira e Luis Alberto Figueiredo, de Dilma Rousseff. Sergio Amaral, que deixou o posto neste ano, foi indicado ao cargo por Michel Temer.
"Imagine se o filho do [presidente argentino, Mauricio] Macri fosse embaixador no Brasil, ligando para mim e querendo falar comigo. Quando ele seria atendido? Amanhã, semana que vem? Ou imediatamente? É essa que é a intenção."
Segundo ele, os parlamentares que "estão dando parecer completamente contrário não conhecem a vida do meu filho", referindo-se a Eduardo.
"Não é uma decisão minha apenas, passa pelo Parlamento. Você quer ver uma coisa? Eu posso chegar para o Ernesto [Araújo] agora e digo: 'Dá licença, meu filho vai ser o ministro das Relações Exteriores e você vai para Washington. Meu filho continuaria sendo deputado, teria ascendência sobre uma centena de embaixadores fora do Brasil", disse Bolsonaro, ressalvando que essa proposta não é uma possibilidade.
O presidente brasileiro disse ainda que bastaria um telefonema para o presidente dos EUA, Donald Trump, para que Eduardo seja aceito como embaixador --para assumir o cargo, ele precisa ser aceito pelo presidente americano e passar por uma sabatina no Senado.
Ontem, o chanceler Ernesto Araújo confirmou que o pedido para que Eduardo assuma a missão diplomática brasileira em Washington já está pronto e só depende que a indicação do presidente seja feita de forma oficial.
"Acho que já foi feito o comunicado aos EUA. Um simples telefonema meu para o Trump, que já me franqueou a palavra... Nem precisa falar isso pra ele. Eu tenho certeza que ele dará o sinal positivo", disse Bolsonaro.
A amizade de Bolsonaro e Evo
Na entrevista aos jornalistas em Santa Fé, Bolsonaro disse que era importante buscar uma solução para a crise na Venezuela para evitar, "com o esforço de todos, que apareça uma nova Venezuela aqui na América do Sul", e ressaltou que "até o Evo Morales também fez uma nota se posicionando de maneira contundente, no meu entender".
Segundo Bolsonaro, a atitude de Evo não o surpreendeu. "Ele já deu indicativos quando liberou o [Cesare] Battisti para a Itália. Por que o Battisti foi para a Bolívia? Achava que era o país mais afinado com a ideologia petista em um momento em que ele poderia até ficar lá como ficou no Brasil por muito tempo", disse.
Bolsonaro lembrou ainda o "mal-entendido entre nós, mas não entre Evo e eu", referindo-se à extradição de Battisti diretamente para a Itália, sem escala no Brasil. "Havia uma corrente que queria que ele passasse pelo Brasil, e eu era contrário a isso porque, pousando, um oficial de Justiça poderia ter um mandato de segurança no aeroporto" no Brasil.
Entretanto, em seu discurso na abertura da cúpula, Evo não fez qualquer menção à Venezuela. O boliviano também não assinou o documento do Mercosul que manifesta preocupação com a crise venezuelana.
Ao abrir seu discurso, mais cedo, Bolsonaro chegou a dizer que sentia "saudades de Evo", com quem não se encontrava desde a sua posse, em Brasília. Dias depois de participar da posse de Bolsonaro, Evo esteve na Venezuela para a posse de Nicolás Maduro, cujo mandato presidencial não é reconhecido pelo Brasil.
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