Em meio a ameaça de impeachment, Brasil defende presidente do Paraguai
O Ministério de Relações Exteriores brasileiro defendeu hoje o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, que enfrenta a ameaça de um processo de impeachment devido a acordo energético com o Brasil. Em comunicado, o governo brasileiro disse confiar na ordem democrática do país e defendeu que o presidente tem todas as condições para manter as boas relações com o Brasil.
"O desenvolvimento do Paraguai e sua participação ativa como valioso membro do Mercosul e da comunidade hemisférica é de enorme interesse para o Brasil, e o Governo brasileiro está convencido de que o Presidente Mario Abdo reúne todas as condições para continuar conduzindo esse projeto", diz a nota do ministério.
O Itamaraty pediu total respeito ao "processo constitucional do Paraguai". "O Brasil confia em que o processo seja conduzido sem quebra da ordem democrática, em respeito aos compromissos assumidos pelo Paraguai no âmbito da cláusula democrática do Mercosul - Protocolo de Ushuaia".
O governo ainda destacou o excelente relacionamento entre o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e o líder paraguaio. "Essa elevação sem precedentes do relacionamento Brasil-Paraguai se deve, mais do que a qualquer outro fator, à excelente relação pessoal entre os Presidentes Mario Abdo e Jair Bolsonaro, à coincidência de visões estratégicas e à determinação de ambos de agir em conjunto em benefício de seus povos", diz o comunicado.
Por fim, defendeu a manutenção da relação entre os presidentes para permitir a "plena implementação das iniciativas em curso e a consecução de novos avanços, inclusive no que tange à implementação, em benefício mútuo, dos compromissos dos dois países ao amparo do Tratado de Itaipu".
Bolsonaro também comentou hoje sobre o acordo e defendeu o presidente paraguaio. "A gente não vai interferir na política do Paraguai. Me dou muito bem com o Marito. O problema é que o PT fez concessões absurdas no passado com o dinheiro do povo brasileiro. Nosso acordo foi bem feito agora. A gente não quer prejudicar o Paraguai. Os contratos você tem de cumprir", disse em frente ao Palácio da Alvorada.
Acordo de Itaipu
A oposição paraguaia informou ontem que apresentará um pedido de impeachment contra Mario Abdo e seu vice-presidente, Hugo Velázquez, alegando traição à pátria. O presidente respondeu hoje que "aceita a briga".
A polêmica começou na semana passada, quando saiu a público o acordo assinado em maio entre o Paraguai e o Brasil sobre o cronograma de compra de energia gerada pela hidrelétrica de Itaipu até 2022.
O acordo determina o aumento gradativo a quantidade de potência contratada de Itaipu até 2022. O aumento seria de 50% do atual. Esse arranjo elevará os custos para a estatal paraguaia em mais de US$ 200 milhões, declarou um ex-presidente da entidade.
O governo brasileiro chegou a defender o acordo, pois seria necessário para equacionar o desequilíbrio que levava o Brasil a subsidiar parte da energia do Paraguai, disse.
Na semana passada, o presidente da paraguaia Ande ((Administração Nacional de Eletricidade) renunciou por não concordar com os trâmites do contrato. O Congresso então pediu explicações e a oposição viu prática de traição da presidência.
"A posição de todos foi unânime. Estamos falando de traição à pátria. Estamos diante de um cenário extremamente grave", disse o senador Sergio Godoy, do Honor Colorado, ao canal de televisão local NPY ao ser indagado sobre o apoio ao impeachment. O processo iniciará na Câmara dos Deputados e requer 53 votos para acusação.
Ontem, Jair Bolsonaro se manifestou sobre o caso e disse que quer "fazer justiça", e assim evitar problemas para o presidente paraguaio. "Nosso relacionamento com o Paraguai é excepcional, excelente. Estamos dispostos a fazer justiça nesta questão de Itaipu binacional que lá é importantíssima para o Paraguai e importante para nós", disse.
Bolsonaro não respondeu aos questionamentos se o Brasil cederia no acordo. "Não é questão de ceder ao Paraguai. Não é meio a meio? A princípio é por aí. As pequenas derivações a gente acerta aí".
Mais tarde, o porta-voz da presidência, general Otávio Rêgo Barros, levantou a possibilidade ao dizer que o Brasil está aberto ao diálogo.
* Colaborou Luciana Amaral, do UOL em Brasília
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