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Na embaixada em Washington, clima é de indiferença sobre quem será o chefe

Eduardo Bolsonaro é recebido pelo presidente dos EUA, Donald Trump - Joyce N. Boghosian/Casa Branca
Eduardo Bolsonaro é recebido pelo presidente dos EUA, Donald Trump
Imagem: Joyce N. Boghosian/Casa Branca

Victória Damasceno

Do UOL, em São Paulo

04/09/2019 04h01

A embaixada brasileira em Washington, nos Estados Unidos, vive em compasso de espera. Sem um titular desde abril, a representação diplomática parecia ter encontrado um novo líder natural na figura de Nestor Forster, promovido este ano ao cargo de embaixador, o que parecia ser o último passo antes de ser nomeado oficialmente chefe da Embaixada do Brasil nos EUA.

Isso até surgir o nome de Eduardo Bolsonaro. O filho de 35 anos do presidente foi indicado, inclusive se disse surpreso com o fato, e passou a ser avaliado para o cargo por todos, de senadores a memes na internet.

As especulações começaram em torno do estado dos ânimos na diplomacia brasileira, que ora tenderia a rejeitar Eduardo por seu despreparo, ora o aceitaria numa grande conjunção conservadora de fatores.

A reportagem do UOL conversou com pessoas próximas ao funcionamento da representação do país em Washington e encontrou um ambiente... Diplomático: Nada de vermelhos contra azuis, radicais contra conservadores. A bem da verdade, segundo dizem as fontes consultadas, pouca coisa deve mudar no funcionamento da embaixada independentemente de quem for escolhido como novo chefe.

"Trabalho político"

Pessoas que conhecem a rotina de um embaixador dizem que se trata em um trabalho político. "Para trabalhar bem em Washington, você precisa ter acesso ao seu presidente e respaldo para falar em nome do governo. Isso, Eduardo tem."

Caetano Veloso ri de Eduardo Bolsonaro falando inglês

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"Mas uma boa gestão da embaixada precisa transbordar para a articulação com a Câmara, o Senado e os empresários. É ser um lobista dos interesses do governo", pondera outro interlocutor.

Questionados sobre quais alterações ocorreriam no dia a dia da embaixada caso o deputado se tornasse embaixador, todos concordaram que as mudanças práticas serão poucas.

"O trabalho é todo técnico e tem o objetivo defender os interesses do país. Alguns terão de se reportar para um chefe diferente, mas a hierarquia não permite que a embaixada deixe de cumprir seu papel, que independe de quem esteja a frente do governo."

Embaixada rachada?

Questionados sobre a informação de que grupos a favor e contra a ida do deputado estariam se formando, todos os ouvidos pela reportagem discordaram. "A mais dura realidade é que a maioria tem tanto trabalho que nem consegue perder tempo se preocupando com essas coisas."

Por ser um espaço estratégico para o governo, diversos funcionários possuem carreira militar — adidos do Exército, Marinha e Aeronáutica estão entre eles. A grande maioria, porém, é aprovada no concurso do Instituto Rio Branco, órgão responsável pelo processo seletivo do Itamaraty.

Embaixada do Brasil, em Washington - Itamaraty/Divulgação - Itamaraty/Divulgação
Imagem: Itamaraty/Divulgação

"O pessoal é muito disciplinado, vários são militares. Eles tendem a ser superdiscretos e obviamente muitos simpatizam com o governo", exemplifica um interlocutor, familiarizado com a rotina do escritório.

Muita gente é conservadora sim, mas também trabalharam durante anos e anos nos governos Lula e Dilma sem problemas.

Ele diz que a ideia de que a embaixada é reduto petista - por conta dos 14 anos do Partido dos Trabalhadores (PT) à frente do Executivo - demonstra total desconhecimento a respeito do trabalho diplomático feito por lá.

Araújo e Eduardo conversam com Trump sobre Amazônia

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Na última sexta-feira, o chanceler e Eduardo viajaram a Washington. Ambos participaram de uma reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O encontro foi proposto por Jair Bolsonaro, em um telefonema com o americano para discutir questões da Amazônia. A reunião durou cerca de 30 minutos, e ficou fora da agenda oficial de Trump.

Na saída, os emissários não anunciaram novidades. O deputado se recusou a dar entrevistas em inglês a veículos internacionais, o que ficou a cargo do ministro.

"Não tínhamos expectativas de sair daqui com nada, mas achamos extremamente significativo que o presidente Trump tenha nos recebido", disse o chanceler. O único compromisso oficial foi a entrevista que Araújo deu ao canal espanhol da emissora CNN, ao meio-dia do sábado.

A passagem-surpresa da comitiva do governo pelo Salão Oval tinha um objetivo claro: mostrar a boa relação entre o candidato à embaixada e o governo Trump — um telefonema foi o suficiente para garantir uma conversa com um dos homens mais poderosos do mundo.

Donald Trump cumprimenta o chanceler Ernesto Araújo em reunião no Salão Oval da Casa Branca - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Donald Trump cumprimenta o chanceler Ernesto Araújo em reunião no Salão Oval da Casa Branca
Imagem: Reprodução/Twitter