Na embaixada em Washington, clima é de indiferença sobre quem será o chefe
A embaixada brasileira em Washington, nos Estados Unidos, vive em compasso de espera. Sem um titular desde abril, a representação diplomática parecia ter encontrado um novo líder natural na figura de Nestor Forster, promovido este ano ao cargo de embaixador, o que parecia ser o último passo antes de ser nomeado oficialmente chefe da Embaixada do Brasil nos EUA.
Isso até surgir o nome de Eduardo Bolsonaro. O filho de 35 anos do presidente foi indicado, inclusive se disse surpreso com o fato, e passou a ser avaliado para o cargo por todos, de senadores a memes na internet.
As especulações começaram em torno do estado dos ânimos na diplomacia brasileira, que ora tenderia a rejeitar Eduardo por seu despreparo, ora o aceitaria numa grande conjunção conservadora de fatores.
A reportagem do UOL conversou com pessoas próximas ao funcionamento da representação do país em Washington e encontrou um ambiente... Diplomático: Nada de vermelhos contra azuis, radicais contra conservadores. A bem da verdade, segundo dizem as fontes consultadas, pouca coisa deve mudar no funcionamento da embaixada independentemente de quem for escolhido como novo chefe.
"Trabalho político"
Pessoas que conhecem a rotina de um embaixador dizem que se trata em um trabalho político. "Para trabalhar bem em Washington, você precisa ter acesso ao seu presidente e respaldo para falar em nome do governo. Isso, Eduardo tem."
"Mas uma boa gestão da embaixada precisa transbordar para a articulação com a Câmara, o Senado e os empresários. É ser um lobista dos interesses do governo", pondera outro interlocutor.
Questionados sobre quais alterações ocorreriam no dia a dia da embaixada caso o deputado se tornasse embaixador, todos concordaram que as mudanças práticas serão poucas.
"O trabalho é todo técnico e tem o objetivo defender os interesses do país. Alguns terão de se reportar para um chefe diferente, mas a hierarquia não permite que a embaixada deixe de cumprir seu papel, que independe de quem esteja a frente do governo."
Embaixada rachada?
Questionados sobre a informação de que grupos a favor e contra a ida do deputado estariam se formando, todos os ouvidos pela reportagem discordaram. "A mais dura realidade é que a maioria tem tanto trabalho que nem consegue perder tempo se preocupando com essas coisas."
Por ser um espaço estratégico para o governo, diversos funcionários possuem carreira militar — adidos do Exército, Marinha e Aeronáutica estão entre eles. A grande maioria, porém, é aprovada no concurso do Instituto Rio Branco, órgão responsável pelo processo seletivo do Itamaraty.
"O pessoal é muito disciplinado, vários são militares. Eles tendem a ser superdiscretos e obviamente muitos simpatizam com o governo", exemplifica um interlocutor, familiarizado com a rotina do escritório.
Muita gente é conservadora sim, mas também trabalharam durante anos e anos nos governos Lula e Dilma sem problemas.
Ele diz que a ideia de que a embaixada é reduto petista - por conta dos 14 anos do Partido dos Trabalhadores (PT) à frente do Executivo - demonstra total desconhecimento a respeito do trabalho diplomático feito por lá.
Na última sexta-feira, o chanceler e Eduardo viajaram a Washington. Ambos participaram de uma reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O encontro foi proposto por Jair Bolsonaro, em um telefonema com o americano para discutir questões da Amazônia. A reunião durou cerca de 30 minutos, e ficou fora da agenda oficial de Trump.
Na saída, os emissários não anunciaram novidades. O deputado se recusou a dar entrevistas em inglês a veículos internacionais, o que ficou a cargo do ministro.
"Não tínhamos expectativas de sair daqui com nada, mas achamos extremamente significativo que o presidente Trump tenha nos recebido", disse o chanceler. O único compromisso oficial foi a entrevista que Araújo deu ao canal espanhol da emissora CNN, ao meio-dia do sábado.
A passagem-surpresa da comitiva do governo pelo Salão Oval tinha um objetivo claro: mostrar a boa relação entre o candidato à embaixada e o governo Trump — um telefonema foi o suficiente para garantir uma conversa com um dos homens mais poderosos do mundo.
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