Transcrição mostra Trump pressionando a Ucrânia para investigar Joe Biden
A Casa Branca divulgou a transcrição de um telefonema do presidente americano, Donald Trump, com o líder da Ucrânia, Zolodymyr Zelensky, no qual mostra que o americano teria pressionado o colega ucraniano para investigar Joe Biden e seu filho. O caso das ligações foi o que motivou ontem a abertura do processo de impeachment contra Trump no Congresso.
O documento liberado pelo governo mostra Trump pedindo a Zelensky para que "analisasse" o filho do ex-presidente - e seu possível adversário na próxima eleição - Joe Biden. Ele disse que iria direcionar seu advogado pessoal e Procurador-Geral para falar com o ucraniano para "cavar até o fundo disso".
Trump relembrou o colega da ajuda enviado pelos EUA à Ucrânia e comparou com os países Europeus: "Muitos países europeus são da mesma maneira, então eu acho que é algo que você quer ver, mas os Estados Unidos têm sido muito bons para a Ucrânia. Eu não diria que é recíproco necessariamente porque estão acontecendo coisas que não são boas, mas os Estados Unidos têm sido muito, muito bons para a Ucrânia", disse Trump a Zelensky. Segundo ele, os países europeus poderiam fazer mais para ajudar Ucrânia do que fazem atualmente.
O ucraniano concordou com Trump "não apenas 100%, mas 1000%" e disse que os EUA são um "parceiro maior" da Ucrânia do que os países europeus. O que Trump respondeu: "Gostaria que você nos fizesse um favor, porque nosso país passou por muita coisa e a Ucrânia sabe muito sobre isso".
"Eu gostaria que o Procurador-Geral [William Barr] te ligasse ou ligasse para o seu pessoal e eu gostaria que vocês cavassem até o fundo disso. Como você viu ontem, toda essa situação sem sentido terminou com uma performance pobre de um homem chamado Robert Mueller, uma performance incompetente, mas eles disseram que muito disso começou com a Ucrânia. Qualquer coisa que você puder fazer, é muito importante que faça se for possível".
Em resposta, Zelensky disse que um de seus assistentes havia falado com o advogado pessoal de Trump Rudy Giuliani e ele esperava que o advogado pudesse em breve viajar para a Ucrânia. O presidente garantiu a Trump que era seu amigo e se cercaria apenas das "pessoas mais experientes".
"Também pretendo me cercar de grandes pessoas e, além dessa investigação, garanto como Presidente da Ucrânia que todos as investigações serão feitas de maneira aberta e franca", disse o ucraniano.
Outra coisa, fala-se muito sobre o filho de Biden, que Biden interrompeu a acusação e muitas pessoas querem descobrir sobre isso, então o que você puder fazer com o procurador-geral seria ótimo. Biden se gabou de ter parado a promotoria, então se você pode investigar... Donald Trump a Volodymyr Zelensky
Como vice-presidente de Barack Obama, Joe Biden e outros líderes ocidentais pressionaram a Ucrânia a se livrar do principal procurador do país, Viktor Shokin, porque ele era visto como não suficientemente duro para com a corrupção.
Zelensky perguntou se Trump tinha mais informações que pudesse ajudar e garantiu que a investigação seria feita. Trump voltou a garantir que Giuliani e Barr ligariam para a Ucrânia.
Em nota à rede americana CNN, o Departamento de Justiça americano disse que Trump não pediu para que Barr contatasse a Ucrânia. "O procurador-geral foi notificado pela primeira vez da conversa do presidente com o presidente ucraniano Zelensky várias semanas após a ligação, quando o Departamento de Justiça soube de uma possível indicação. O presidente não falou com o procurador-geral sobre a Ucrânia investigar qualquer coisa relacionada ao ex-vice-presidente Biden ou a seu filho. O presidente não pediu ao procurador-geral que entre em contato com a Ucrânia - sobre este ou qualquer outro assunto".
Trump insistiu hoje que não houve pressão e garantiu que foi uma "conversa amigável". Ele voltou a dizer que a abertura do processo de impeachment é uma "caça às bruxas". "A maior caça às bruxas na história americana, provavelmente na história".
A ligação entre os líderes aconteceu um dia depois que o conselheiro-especial dos EUA, Robert Mueller, falou ao Congresso americano sobre a investigação acerca de interferência russa nas eleições americanas. A existência dos diálogos foi relevada na semana passada pelo Wall Street Journal, mas a transcrição só saiu hoje. No entanto, a Casa Branca diz que o documento não é uma "transcrição literal" da conversa e foi feita por um software de reconhecimento de voz.
Os democratas americanos iniciaram ontem um procedimento de destituição contra o republicano. Trump é acusado de ter pressionado o presidente ucraniano durante uma conversa telefônica, em julho, para obter uma investigação de Kiev sobre um caso de possível corrupção que envolveria Hunter Biden, um dos filhos de Joe Biden. Ele trabalhou para um grupo de gás ucraniano que pertence a um oligarca pró-Rússia de reputação duvidosa.
Trump confirmou que a conversa teve uma referência a uma acusação de "corrupção" contra os Biden, mas negou qualquer "pressão" sobre o colega ucraniano e autorizou a publicação da transcrição da conversa.
Questionada por repórteres hoje, a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, voltou a dizer que Trump "Não está acima da lei" e "será responsabilizado". "O fato é que o presidente dos Estados Unidos, violando suas responsabilidades constitucionais, pediu a um governo estrangeiro que o ajudasse em sua campanha política às custas de nossa segurança nacional, além de prejudicar a integridade de nossas eleições".
*Com AFP
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