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Primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed Ali ganha o Nobel da Paz 2019

Nathan Lopes

Do UOL*, em São Paulo

11/10/2019 06h06Atualizada em 11/10/2019 09h55

Resumo da notícia

  • Aos 43 anos, Abiy Ahmed venceu o Nobel da Paz de 2019
  • Ele atuou para alcançar a paz no conflito entre Etiópia e a Eritreia
  • Outros líderes na África podem ver que é possível trabalhar pela paz, disse

O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed Ali, 43, é o ganhador do Prêmio Nobel da Paz 2019. O nome do vencedor foi anunciado hoje pelo comitê do prêmio, na Noruega. Abiy Ahmed atuou para alcançar a paz no conflito entre Etiópia e a Eritreia, país vizinho.

Os dois países travaram uma guerra de fronteira de 1998 a 2000. Eles restauraram as relações em julho de 2018, após anos de hostilidade.

"Quando Abiy Ahmed se tornou o primeiro-ministro em abril de 2018, ele deixou claro que desejava retomar o ritmo das negociações com a Eritreia. Em estreita cooperação com o presidente da Eritreia, Abiy Ahmed rapidamente elaborou os princípios para um acordo de paz que acabasse com o impasse entre os dois países", diz comunicado da organização do Nobel.

Mais de 300 personalidades e organizações eram candidatas este ano a receber o Nobel da Paz. Entre os que figuravam como favoritos para o prêmio deste ano estavam o líder indígena brasileiro Raoni Metuktire e a ativista sueca Greta Thunberg. O prêmio é de 9 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 3,7 milhões) para o vencedor.

Logo após a divulgação do vencedor, Raoni divulgou um vídeo em que disse que irá continuar defendendo os direitos dos povos indígenas.

Abiy Ahmed se declarou honrado e feliz e agradeceu ao "prêmio dado à África".

"Imagino que outros líderes na África pensem que é possível trabalhar nos processos de construção da paz em nosso continente", disse o jovem líder etíope em uma breve conversa por telefone com a organização Nobel, que postou suas palavras na internet.

Abiy Ahmed, primeiro-ministro da Etiópia - Tiksa Negeri/Reuters - Tiksa Negeri/Reuters
Abiy Ahmed ali é o mais jovem chefe de governo da África
Imagem: Tiksa Negeri/Reuters

Responsável pelo anúncio, a presidente do Comitê Nobel Norueguês, Berit Reiss-Andersen, também destacou que o prêmio deseja "expressar um reconhecimento a todos os atores que trabalham pela paz e a reconciliação na Etiópia e nas regiões do leste e nordeste africanos".

O Nobel ainda fez menção ao trabalho do ditador da Eritreia, Issaias Afworki. "A paz não é alcançada apenas com as ações de uma única pessoa. Quando o primeiro-ministro Abiy Ahmed estendeu a mão, o presidente Afwerki aceitou e ajudou a dar forma ao processo de paz entre os dois países", afirmou o comitê.

O anúncio do Nobel da Paz segue os de Medicina, Física, Química e Literatura, que começaram a ser anunciados desde o início da semana. Na próxima segunda-feira, será divulgado o ganhador do prêmio de Economia.

Os prêmios serão entregues no dia 10 de dezembro, aniversário da morte de seu fundador, Alfred Nobel, em uma cerimônia na Sala de Concertos de Estocolmo. O Nobel da Paz será entregue na Câmara Municipal de Oslo, o único fora da Suécia, por desejo de Nobel, já que a Noruega fazia parte do Reino da Suécia na sua época.

Desafios para Abiy Ahmed

Aos 43 anos, Abiy Ahmed é o mais jovem chefe de governo da África. Desde que assumiu o cargo, após a renúncia de Hailemariam Desalegn, depois de três anos de agitação nas ruas, ele anunciou uma série de reformas com a promessa de mudar o país de cerca de 100 milhões de pessoas. A conquista histórica de Abiy Ahmed até hoje é garantir a paz com a vizinha Eritreia.

Abiy Ahmed, porém, enfrenta desafios, incluindo resistência à mudança de interesses adquiridos em sua coalizão, e a possibilidade de que a violência possa aumentar. Abiy Ahmed também enfrenta grandes expectativas dos jovens etíopes que desejam emprego, desenvolvimento e oportunidades.

No entanto, críticos afirmam que o premiê apresenta poucas soluções para problemas que estão enraizados no segundo país mais populoso da África, como as tensões étnicas e a falta de federalismo.

(Com Reuters, AFP e EFE)