Crianças de até quatro anos trabalham na extração de minério em Madagascar
Resumo da notícia
- Reportagem encontrou crianças em minas de mica para reforçar o orçamento familiar em Madagascar
- Pelo menos 10 mil crianças estariam incluídas na atividade; cada libra (453 g) de mica renderia US$ 0,02
- Maior empresa do país afirma que responsabilidade pelo trabalho das crianças é apenas dos pais
Reportagem publicada hoje pelo site da rede de TV norte-americana NBC exibiu crianças de pelo menos quatro anos trabalhando em minas de extração de mica - um mineral muito utilizado nas indústrias de cosmético, de eletrônicos e automotiva - em Madagascar. Segundo o veículo, milhares de menores de idade fazem parte da cadeia extrativista no país para ajudar financeiramente suas famílias.
Madagascar é o maior exportador mundial de mica, superando em 2016 a Índia. Nos últimos anos, a atividade gerou grande controvérsia entre os indianos, justamente pelo emprego de trabalho infantil na extração - quase sempre, segundo a NBC, em condições impróprias e inseguras. Em Madagascar, a Terre des Hommes, uma instituição holandesa de proteção infantil, encontrou crianças trabalhando em poços sem regulamentação ou ventilação, ao lado de familiares.
"O trabalho em minas é considerado uma das piores formas de trabalho infantil", afirma Claire Van Bekkum, gerente sênior de projetos da Terre des Hommes. "Há uma situação perigosa para a saúde e para a segurança ali."
A entidade calcula que pelo menos 10 mil crianças trabalhem no setor apenas em Madagascar, expostas a dores nas costas e de cabeça, falta de água e oxigênio, além de longas jornadas de trabalho. Cada libra (453 g) de mica rende aos extratores cerca de US$ 0,02 (cerca de R$ 0,08), mas é vendida a importadores por valor pelo menos duas vezes maior.
Na China, o minério é processado, transformado em componentes e distribuído a companhias ao redor do mundo. Das mais de 46 mil toneladas de mica que Madagascar exportou em 2018, mais de 98% foi para o território chinês, segundo a NBC.
Em entrevista, o gerente da Tri-H, principal empresa de extração do minério, Haja Ranahary, afirmou que a participação de crianças na cadeia produtiva não é responsabilidade da companhia. "É culpa dos pais das crianças", afirmou, garantindo que os funcionários recebem comida e equipamentos de proteção para o trabalho. O país proíbe o trabalho de menores de 18 anos em minas.
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