Papa rejeita proposta de ordenar homens casados como padres na Amazônia
O Papa Francisco, em uma das decisões mais importantes de seu papado, rejeitou hoje uma proposta para permitir que alguns homens casados sejam ordenados na região amazônica para aliviar uma escassez aguda de padres.
A recomendação, apresentada pelos bispos latino-americanos no ano passado, assustou os conservadores da Igreja Católica Romana, profundamente polarizada, que temia que isso pudesse levar a uma mudança no compromisso secular de celibato entre os padres.
Francisco deu sua resposta em uma Exortação Apostólica, três meses após a proposta ter sido aprovada por 128 votos a 41 em uma assembleia contenciosa do Vaticano, ou sínodo, de bispos católicos romanos.
As Exortações Apostólicas são usadas para instruir e incentivar os fiéis católicos, mas não definem a doutrina da Igreja.
O documento de 32 páginas, divulgado hoje, não mencionou a proposta, que era para diáconos casados e com idade avançada, que fossem líderes comprovados de comunidades católicas remotas e tivessem famílias estáveis, serem ordenados como sacerdotes.
Sínodo da Amazônia
Ao todo, 184 bispos, a maioria latino-americanos, reunidos por três semanas em outubro passado no Vaticano para o Sínodo da Amazônia, aprovaram um documento pedindo a introdução do "pecado ecológico", ou seja, pecado contra a ecologia, bem como a possibilidade de ordenar homens casados e a existência de diaconisas, temas considerados tabus para os católicos conservadores.
"O papa, muito gentilmente, disse: 'você sabe, este ponto realmente não foi um ponto importante do sínodo'", afirmou o arcebispo John Wester, de Santa Fé, no Novo México, sem especificar, porém, se estava falando de padres casados ou de diaconisas.
Um dos pontos mais controversos aprovados, com 128 votos a favor e 41 contra, a possível ordenação de homens em idade avançada que tenham uma família constituída e estável com autorização para celebrar os sacramentos em áreas remotas poderia desencadear um racha com os defensores do celibato.
"Acho que ele deixou o assunto em aberto, sem uma decisão. Então, está aberto à discussão", concluiu Solis.
Em janeiro de 2019, o Papa Francisco havia especificado que "não concordava em permitir que o celibato fosse opcional", enquanto considerava "algumas possibilidades para lugares muito remotos", como as Ilhas do Pacífico ou a Amazônia.
O celibato de padres, que não aparece na doutrina da Igreja Católica Romana, é uma regra disciplinar que se tornou obrigatória no século XI.
* Com informações das agências Reuters e RFI
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