Topo

Esse conteúdo é antigo

Médico britânico relata piores dias: colegas doentes e vítima de 13 anos

O médico britânico Alan Courtney, da NHS, aparece com uma cartaz pedido mais equipamentos de segurança para os profissionais de saúde que estão atendendo pacientes com o novo coronavírus - Reprodução/Sky News
O médico britânico Alan Courtney, da NHS, aparece com uma cartaz pedido mais equipamentos de segurança para os profissionais de saúde que estão atendendo pacientes com o novo coronavírus Imagem: Reprodução/Sky News

Do UOL, em São Paulo

14/04/2020 11h09

Um médico britânico relatou à emissora Sky News seus dias mais difíceis no hospital desde o início da pandemia do novo coronavírus. Alan Courtney contou como foi duro ver um menino de 13 anos com covid-19 morrer sozinho e da noite em que teve que se revezar atendendo pacientes e colegas, já que 40% da equipe médica estava doente.

"O dia mais difícil foi quando percebi que metade da enfermaria estava cheia de profissionais de saúde", disse o médico da NHS (Serviço Nacional de Saúde), a rede pública de saúde do Reino Unido.

"Lidar com alguém que está doente é um pensamento preocupante. Lembro-me de estar no turno da noite e cuidar de alguns profissionais de saúde do nosso hospital que foram internados. É algo que devasta a alma. Eu não estava esperando isso", completou ele.

Courtney diz que há um "sentimento de raiva" quando os profissionais de saúde são infectados. "Poderíamos ter mais equipamentos de segurança, mais luvas, máscaras, nos perguntamos como poderíamos ter evitado tudo isso?".

Outro momento difícil foi a morte de um garoto, que estava sozinho no leito. "Ver um garoto de 13 anos morrer sem ninguém da família por perto, sem poder se despedir. Olhar para ele... eu fiquei emotivo, mas que bom porque ficaria preocupado comigo se não me sentisse assim".

O médico classifica a pandemia como "séria" e "devastadora". "Ela só vai piorar. Eu realmente espero que possamos superar isso".

De acordo com a emissora, pelo menos quatro médicos aposentados que retornaram ao NHS para atuar na linha de frente do combate à covid-19 na Inglaterra e no País de Gales morreram.

O número de mortes provocadas pelo novo coronavírus no Reino Unido subiu para 11.329 nesta segunda-feira, após o governo divulgar um boletim atualizado com mais 717 óbitos.

Para os especialistas, embora o ritmo de novas mortes tenha sofrido redução, ao que tudo indica, ainda não se alcançou o pico da pandemia no território britânico. Além disso, os dados não incluem os óbitos que aconteceram fora dos hospitais do país.

O secretário de Estado, Dominic Rabb, que segue no comando do governo enquanto o primeiro-ministro Boris Johnson se recupera da covid-19, vai liderar uma reunião na quinta-feira em que será decidida a manutenção ou não das restrições impostas no país há três semanas.

Enquanto isso, a oposição segue cobrando um resposta para a falta de materiais de proteção para equipes médicas nos hospitais, testes para funcionários de saúde e a população, entre outras coisas. Por isso, a gestão da pandemia será submetida à análise do Parlamento.

Segundo fontes do governo, está prevista a retomada das sessões no dia 21, depois do recesso da Semana Santa, com alternativas tecnológicas para que seja respeitado o distanciamento social imposto pelas autoridades locais.

*Com informações da EFE