Fronteira com o Brasil preocupa autoridades argentinas: 'É uma peneira'
Com mais de 18,3 mil casos do novo coronavírus desde o início da pandemia, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, a Argentina convive com um problema: a fronteira. O Brasil registra mais de 555 mil casos da covid-19, segundo o mesmo levantamento, e é visto como uma ameaça ao quadro sanitário do país vizinho.
"A fronteira com o Brasil é uma peneira. O rio Uruguai está muito baixo e pode ser cruzado a pé", disse ao jornal La Nación o governador de Misiones, Oscar Herrera Ahuad. A província em questão faz fronteira com Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Misiones registrou até aqui apenas um óbito causado pelo Sars-Cov-2: um caminhoneiro de 63 anos, oriundo de São Paulo. Para o governador, está mais fácil entrar ilegalmente no país, no momento em que as movimentações deveriam ser dificultadas.
"Não podemos relaxar", disse Ahuad, que é médico.
Conurbação
Entre os mais de 1,2 mil quilômetros de fronteiras entre os dois países, um ponto gera especial preocupação: a zona conurbada que abriga as cidades de Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina; Barracão, no Paraná; e Bernardo de Irigoyen.
A cidade catarinense tem cerca de 15,5 mil habitantes, diante de 10 mil dos vizinhos paranaenses e 6,5 mil do município argentino. No entanto, a proximidade entre as cidades faz com que a fronteira seca com o Brasil seja facilmente cruzada.
"Muitos têm parentes do outro lado, ou se casaram com um argentino ou argentina, ou têm dupla nacionalidade", explicou Guillermo Fernández, prefeito da cidade argentina, também ao La Nación.
Segundo ele, o trabalho para conter os casos em Bernardo de Irigoyen foi bastante particular. "Aqui, além de lidar com a covid-19, é preciso trabalhar contra a peculiaridade das pessoas. No início, custou um pouco, mas agora o povo se cuida muito", acrescenta.
O jornal cita que Dionísio Cerqueira não registrou casos, enquanto Barracão deu alta aos três contágios confirmados. "No entanto, em uma área de 100 quilômetros, eles têm cidades bem grandes. Como Chapecó, onde há muitos infectados", alerta o prefeito argentino.
Até hoje, a cidade catarinense confirmou 1.047 casos, com quatro óbitos.
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