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Trump é criticado por visita ao Rushmore, considerado racista por indígenas

Monte Rushmore: da esquerda para a direita, George Washington, Thomas Jefferson, Theodore Roosevelt e Abraham Lincoln - Visions of America/Universal Images Group via Getty Images
Monte Rushmore: da esquerda para a direita, George Washington, Thomas Jefferson, Theodore Roosevelt e Abraham Lincoln Imagem: Visions of America/Universal Images Group via Getty Images

Do UOL, em São Paulo

25/06/2020 12h55

A ideia do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de iniciar a comemoração do Dia da Independência do país com uma visita ao monte Rushmore, na semana que vem, é motivo de críticas da comunidade de americanos nativos, os descendentes dos povos indígenas que viviam no local antes da colonização.

"O monte Rushmore é um símbolo da supremacia branca, do racismo estrutural que ainda hoje está bem vivo na sociedade", disse Nick Tilsen ao site da Associated Press, membro da tribo Oglala Lakota e presidente de uma organização ativista local chamada NDN Collective.

Localizado no estado de Dakota do Sul, o Rushmore tem esculpidos na rocha os rostos de quatro ex-presidentes — George Washington, Thomas Jefferson, Theodore Roosevelt e Abraham Lincoln - e é visto como uma homenagem a lideranças políticas hostis aos povos originais e à profanação de terras violentamente roubadas.

"É uma injustiça roubar ativamente a terra dos povos indígenas e esculpir os rostos brancos dos conquistadores que cometeram genocídio", afirma Tilsen.

De acordo com o site da AP, vários grupos liderados por ativistas planejam protestos para a visita de Trump, a ser realizada no dia 3 de julho como parte da retomada de sua campanha na corrida presidencial que será definida em novembro.

O evento na próxima sexta-feira deve ter caças sobrevoando o monumento de pedra e a primeira queima de fogos de artifício no local desde 2009.

"Santuário da democracia"

A crítica ao simbolismo do monte Rushmore ganha mais força em meio aos apelos pelo fim do racismo e da violência policial provocados pela morte de George Floyd, no fim de maio, em Mineápolis.

Muitos ativistas dizem que o memorial de Rushmore, construído na década de 1920, é tão repreensível quanto os muitos monumentos confederados que estão sendo derrubados em todo o país.

As quatro faces foram esculpidas na montanha com dinamite e equipamentos de perfuração e são conhecidas como um "santuário da democracia".

Os presidentes foram escolhidos pelo escultor Gutzon Borglum por sua liderança durante quatro fases do desenvolvimento americano: Washington liderou o nascimento da nação; Jefferson desencadeou sua expansão para o oeste; Lincoln preservou a união e emancipou os escravos; Roosevelt defendeu a inovação industrial.

No entanto, para muitos nativos americanos — como os Lakota, Cheyenne, Omaha, Arapaho, Kiowa and Kiowa-Apache —, o monumento é uma profanação das Colinas Negras, onde ele está localizado, que eles consideram sagradas.

"Washington e Jefferson mantinham escravos. Lincoln, embora tenha liderado a abolição da escravidão, também aprovou o enforcamento de 38 homens após um violento conflito com colonos brancos lá. É relatado que Roosevelt afirmou: "Eu não chego ao ponto de pensar que os únicos índios bons são os índios mortos, mas acredito que nove em cada dez são."

Borglum teria sido um membro do grupo supremacista Ku Klux Klan, de acordo com o historiador e escritor Tom Griffith, que pesquisa a realização do Rushmore.

A Casa Branca se recusou a fazer comentários para a AP.