Procuradoria de NY anuncia ação para encerrar Associação Nacional do Rifle
A Procuradoria-Geral do Estado de Nova York apresentou hoje uma ação para encerrar as atividades da NRA (Associação Nacional do Rifle, em inglês), organização que desde o século 19 promove os direitos de proprietários de armas de fogo nos Estados Unidos com base em uma emenda constitucional.
Após uma investigação de 18 meses, autoridades nova-iorquinas encontraram indícios de violações da legislação estadual que rege instituições sem fins lucrativos. Entre elas, a de que executivos em altos postos desviam milhões de dólares da organização para viagens luxuosas e contratos suspeitos.
A ação apresentada pela procuradora-geral Letitia James a um tribunal de Manhattan faz diversas acusações à NRA e ao diretor-executivo da entidade, Wayne LaPierre. A lista vai desde despesas de salões de beleza da mulher de LaPierre, pagas com fundos da organização, até um contrato de US$ 17 milhões que beneficiaria apenas o próprio CEO.
Segundo comunicado divulgado à imprensa, a procuradoria aponta a possibilidade de "desvio de milhões de dólares da missão de caridade da organização para uso pessoal pela liderança sênior", em referência a Wayne LaPierre, "concedendo contratos para o ganho financeiro de associados próximos e familiares, e parecendo distribuir contratos lucrativos (...) para ex-funcionários, a fim de comprar seu silêncio e lealdade contínua".
O processo ainda cita outros três executivos da NRA: John Frazier, Woody Phillips e Joshua Powell. O objetivo é remover os quatro de suas posições na organização e proibi-los de atuar em qualquer organização sem fins lucrativos do estado de Nova York.
A procuradora-geral ainda argumenta que os problemas são difundidos dentro da associação, contando com a negligência de auditores internos. Desta forma, segundo Letitia James, a solução seria encerrar as atividades da NRA.
"A influência da NRA tem sido tão poderosa que a organização ficou sem controle por décadas, enquanto os principais executivos canalizaram milhões para seus próprios bolsos", alegou a procuradora no comunicado. "A NRA está repleta de fraudes e abusos, e é por isso que hoje procuramos dissolvê-la, porque nenhuma organização está acima da lei."
Suspeitas em Washington
Ao mesmo tempo, segundo a agência de notícias Associated Press, o procurador-geral de Washington, Karl Recine, processou a NRA Foundation (uma divisão de caridade da organização, criado para fornecer programas de segurança) sob a acusação de desviar fundos.
As denúncias vêm à tona ao mesmo tempo em que os balanços recentes da NRA apresentam déficits que se acumulam. Em 2015, a organização tinha um superávit de US$ 28 milhões; em 2018, registrou um déficit de US$ 36 milhões.
Na capital norte-americana, a organização vem sendo investigada há mais de um ano. Recine afirmou que os recentes gastos excessivos colocaram a NRA em má situação administrativa.
"As organizações de caridade funcionam como fundos públicos - e a lei distrital exige que eles usem seus fundos para beneficiar o público, não para apoiar campanhas políticas, lobby ou interesses privados", disse o procurador em comunicado à imprensa. "Com este processo, pretendemos recuperar os fundos doados que a NRA Foundation desperdiçou."
Ao longo de décadas, a NRA tem sido uma expressiva força de apoio do Partido Republicano, o mesmo que elegeu o atual presidente dos EUA, Donald Trump. Segundo a rede de televisão ABC, em 2016, a candidatura de Trump recebeu da entidade US$ 30 milhões em fundos de apoio.
A NRA ainda não se manifestou a respeito do caso. No entanto, ainda de acordo com a ABC, representantes da entidade negaram anteriormente qualquer problema administrativo.
"A NRA tem plena confiança em suas práticas contábeis e compromisso com a boa governança", afirmou William Brewer, conselheiro da organização, em 2019. "As finança da associação são auditadas, e as declarações de impostos são verificadas por um dos escritórios com melhor reputação no mundo."
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