Autora é boicotada após chamar tatuagem de ministra maori de 'incivilizada'
A escritora Olivia Pierson, conhecida por obras no ramo da história e filosofia, fez um comentário considerado racista no Twitter chamando de "incivilizada" a tatuagem tradicional no queixo de Nanaia Mahuta, a primeira mulher maori a ocupar o cargo de Ministra das Relações Exteriores da Nova Zelândia. Em represália, a varejista de livros online Mighty Ape parou de vender uma obra da autora, que a companhia comercializava no país. Apesar da repercussão, Mahuta não se pronunciou sobre o caso.
Tudo começou quando Pierson compartilhou no Twitter uma notícia falando sobre a nomeação da ministra e escreveu:
"Realmente? O rosto da nova ministra das Relações Exteriores da Nova Zelândia? As tatuagens faciais [de Nanaia] não são exatamente uma apresentação polida e civilizada para um diplomata estrangeiro no século XXI. Jacinda Ardern [primeira-ministra da Nova Zelândia, que nomeou a chanceler] está maluca".
A tatuagem no queixo de Nanaia Mahuta é típica das mulheres maori mais velhas e é conhecida pelo nome de "moko kaue". A marca simboliza o poder e autoridade em uma comunidade, mas, desde a colonização britânica na comunicade, o símbolo é cada vez menos comum. Tornou-se hoje, portanto, um resgate do orgulho e das tradições maori.
Repercussão
Visto esse importante contexto cultural e histórico, Pierson foi muito criticada pelo comentário condenando as tatuagens. Uma seguidora respondeu a escritora, questionando a atitude racista. "Não é 'civilizada'? Não posso acreditar que você pensou isso, muito menos disse em voz alta. Nada disso. Como foi pretensioso", escreveu.
Em resposta, Pierson refez novamente a crítica, acrescentando que as marcas seriam "feias" e "incivilizadas". "Então vou dizer de novo — tatuagens faciais, especialmente em uma diplomata, são o cúmulo do acordado feio e incivilizado!", escreveu.
Devido a essa polêmica, a Might Ape recebeu um tweet de um usuário alertando para a sequência de comentários de Pierson. A empresa respondeu, em inglês misturado com maori, que cancelaria de circulação a obra da autora "Western Values Defended: A Primer, de 2016, — não há versão em português.
"Saudações. Obrigado por trazer esse assunto a nossa atenção. Tornamos o livro indisponível e não o disponibilizaremos novamente", diz o tweet da loja.
A escritora, por sua vez, comentou ao site Mail Online, que está recebendo ameaças de morte e não sabia que a Mighty Ape era vendedora do livro, mas que "não está perturbada com isso [o fato de o livro não ser mais vendido]". Afirmou ainda que a "cultura do cancelamento é abundante na Nova Zelândia e em todo o mundo, então isso não é grande surpresa".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.