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Congresso do Peru aprova impeachment do presidente Martín Vizcarra

O presidente afastado do Peru, Martín Vizcarra: "Rejeito de forma categórica essas acusações" - Andres Valle/Presidência do Peru/AFP
O presidente afastado do Peru, Martín Vizcarra: 'Rejeito de forma categórica essas acusações' Imagem: Andres Valle/Presidência do Peru/AFP

Do UOL, em São Paulo

09/11/2020 22h00Atualizada em 09/11/2020 22h22

O presidente do Peru, Martín Vizcarra, eleito tendo como principal bandeira a luta contra a corrupção, foi destituído do cargo hoje por "incapacidade moral", após votação de seu segundo processo de impeachment no Congresso. Segundo o jornal argentino Clarín, 105 dos 130 parlamentares foram favoráveis ao afastamento — o mínimo necessário era 87. Apenas 19 votaram contra e quatro se abstiveram.

"Foi aprovada a resolução que declara a vacância da Presidência da República", declarou após a votação o presidente do Congresso, Manuel Merino, que assumirá o cargo a partir de amanhã até o fim do mandato atual, que termina em 28 de julho de 2021.

Em uma espécie de "remake" de um julgamento do qual saiu vitorioso, em 18 de setembro, Vizcarra finalmente teve um destino similar ao do seu antecessor, Pedro Pablo Kuczysnki (2016-2018), que não pôde completar seu mandato, tendo sido forçado a renunciar por pressão do Parlamento.

Vizcarra, que atingiu recorde de popularidade em seus 32 meses de governo, é acusado de ter recebido propina por contratos de obras públicas em 2014, quando era governador da região de Moquegua. No processo anterior, foi acusado de pressionar duas funcionárias do palácio do governo a mentir sobre um contestado contrato com um cantor.

"Rejeito de forma enfática e categórica essas acusações", disse o agora presidente afastado durante sessão no Congresso. "Não recebi suborno algum".

No último domingo, em comunicado, Vizcarra declarou ser "atacado de maneira sistemática" e reforçou não estar envolvido em atos de corrupção. O peruano também disse que seus acusadores "estão gerando instabilidade política".

Novo presidente e disputa por poder

Discreto e praticamente desconhecido pelos peruanos, Manuel Merino foi o responsável por abrir o julgamento que terminou na aprovação do afastamento de Vizcarra. Como na sessão anterior, não havia questões ideológicas em discussão, uma vez que o então presidente e a maioria dos deputados são de centro-direita.

Também não esteve em discussão a gestão dos grandes problemas do país, como a recessão econômica e a pandemia. Tudo aponta para uma simples disputa por poder, e as denúncias contra presidente afastado seriam um simples pretexto.

Muitos deputados que demonstravam desejo de destituir Vizcarra também enfrentam denúncias por corrupção.

O mandato de Vizcarra acabaria em 28 de julho de 2021. O presidente afastado alega que os parlamentares da oposição querem seu impeachment para adiar as eleições de abril de 2021 e, desta forma, prolongar seu mandato no Congresso.

Pesquisas feitas ao longo das últimas semanas mostram que 75% dos cidadãos peruanos queriam a continuidade do governo. O Congresso, em contrapartida, enfrenta 59% de desaprovação.

(Com AFP)