Covid: Casal de milionários finge trabalhar em motel e fura fila da vacina
Um casal de milionários fretou um avião particular e fingiu ser trabalhadores de um motel na comunidade remota de Beaver Creek, no Canadá, para furar a fila da vacina da Moderna contra a covid-19. Ambos receberam uma multa por não seguirem o isolamento social e outra por descumprirem a autodeclaração de quarentena, totalizando US$ 1.150 (R$ 6,1 mil) para cada.
De acordo com o site de notícias local Yukon News, o casal foi identificado como Rodney Baker, 55, e Ekaterina Baker, 32. Ambos receberam as multas na cidade de Whitehorse no último dia 21.
O casal teria viajado de Vancouver, onde moram, até a cidade de Whitehorse. Depois, a dupla fretou um avião particular para a comunidade remota de Beaver Creek, em vez de fazer uma quarentena obrigatória na primeira parada. O documento de acusação aponta que a dupla teria chegado à comunidade e se deslocado até a clínica móvel que está administrando as doses de vacinas da Moderna à população isolada de cerca de 100 pessoas que vivem na região.
Os moradores são do grupo prioritário pois estão mais vulneráveis aos impactos da covid-19 por estarem distantes de hospitais e não possuírem recursos para lidar com a doença, afirma o site local CBC.
Chegando à unidade móvel de saúde, Rodney e Ekaterina teriam mentido para os funcionários da clínica, se representaram "de várias maneiras" e disseram que trabalhavam em um motel local, segundo o Ministro de Serviços Comunitários, John Streicker.
O site de notícias local explicou que pessoas que vivem e trabalham na região não precisam apresentar o Cartão de Identificação para serem vacinados. Janet Vander Meer, que lidera a equipe de covid-19 na comunidade, disse que apesar de o local ser muito pequeno e com poucos moradores, há pessoas que vivem e trabalham na cidade, o que pode explicar porque a dupla não levantou suspeitas iniciais.
O casal levantou dúvidas após uma denúncia ser feita à equipe de fiscalização da Associação dos Meios de Comunicação Étnicos Canadenses pois ambos pediram uma carona para o aeroporto logo após receberem o imunizante.
Os oficiais locais foram até o aeroporto de Whitehorse e descobriram que o avião particular contratado pela dupla já havia pousado em Beaver Creek. Os agentes se deslocaram então até o local onde Rodney e Ekaterina afirmaram que estariam em quarentena segundo uma autodeclaração feita por eles — necessária para entrar na comunidade —, e também não encontraram o casal no local.
De volta ao aeroporto de Whitehorse, os funcionários encontraram o casal pronto para sair da cidade e emitiram duas multas contra a dupla. Uma delas por não seguir o isolamento social e outra por descumprir a autodeclaração de quarentena, com um total de US$ 1.150 (R$ 6,1 mil) cada. A dupla tem até 30 dias para pagar a multa ou contestar as acusações se declarando inocente e solicitando um julgamento.
Se optarem pelo julgamento e forem condenados, a dupla poderá pagar uma taxa de 500 dólares canadenses (R$ 2,1 mil) e mais 75 (R$ 316) de sobretaxa por acusação e seis meses de prisão.
O governo de Yukon e a Primeira Nação de White River lamentaram o esquema planejado pelo casal. "Estamos profundamente preocupados com as ações de indivíduos que colocam nossos idosos e pessoas vulneráveis em risco para fins egoístas", disse a chefe de White River, Angela Demit, em um comunicado.
Casal
Roney foi CEO da Great Canadian Gaming Corporation, proprietária de cassinos e pistas de corrida em todo o Canadá. O homem pediu demissão ontem. Segundo os documentos financeiros públicos da empresa, a remuneração anual do milionário foi de US$ 10,6 milhões (R$ 56 milhões) em 2019.
A empresa foi questionada sobre a atitude do ex-CEO e um porta-voz disse que "não comenta sobre questões pessoais".
"Como empresa, a Great Canadian leva os protocolos de saúde e segurança extremamente a sério, e nossa empresa segue rigorosamente todas as diretivas e orientações emitidas pelas autoridades de saúde pública em cada jurisdição onde operamos. Nossa adesão a essas diretrizes é demonstrada pelo fato de suspendermos prontamente as operações em nossas instalações sempre que orientado pelas autoridades."
Já Ekaterina, que é origem russa, teria publicado em seu Instagram, em março de 2020, que estava em casa de quarentena porque seu pai possui diabetes e é grupo de risco do vírus.
"Durante esse momento único e terno, fico em casa para: todas as crianças, para que não tenham que se despedir dos pais e avós tão cedo", escreveu ela na descrição do post nas redes sociais. Fico em casa para fazer parte da solução. Todos fiquem em casa. É a coisa certa a fazer", escreveu no perfil na rede que hoje encontra-se privado.
A CBC tentou entrar em contato com a dupla, mas não recebeu resposta até a publicação da reportagem.
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