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Menina estuda no cemitério em que a mãe trabalha para usar wi-fi na Bolívia

Jeanete ajuda sua filha Neydi a estudar no Cemitério General em La Paz, na Bolívia - REUTERS/Santiago Limachi
Jeanete ajuda sua filha Neydi a estudar no Cemitério General em La Paz, na Bolívia Imagem: REUTERS/Santiago Limachi

Do UOL, em São Paulo

24/03/2021 13h59

Neydi é uma estudante boliviana do ensino fundamental que está tendo aulas virtuais em razão da pandemia do novo coronavírus. A diferença no estudo da garota está no fato de ela estudar dentro de um cemitério público, na cidade de La Paz, para utilizar a rede wi-fi gratuita enquanto a mãe trabalha no local.

Segundo a Reuters, a Bolívia manteve as escolas fechadas durante a pandemia e muitos pais tiveram que buscar alternativas para os filhos assistirem às aulas online. Além do fechamento das escolas, poucas pessoas têm acesso a computadores e a rede de dados móveis é muito cara.

Jeanete Alanoca, mãe de Neydi, tem 30 anos e ganha a vida trabalhando dentro do Cemitério Geral de La Paz. Ela é responsável por alugar escadas no cemitério para familiares que querem ter acesso as urnas funerárias de parentes cremados, que são mantidos em fileiras de compartimentos elevados.

A mulher, que é indígena aimará, teve a ideia de trazer a filha para o trabalho para que a menina pudesse ter as aulas usando o wi-fi gratuito do cemitério. A garota usa o celular da mãe para estudar e fazer os trabalhos escolares, já que não possui um aparelho próprio.

"Antes da pandemia, eu a mandava para a escola e meus sogros também cuidavam dela e a buscavam na escola. Por causa dessa situação em que estamos, tenho que trazê-la para o trabalho", disse Alanoca, que ajuda Neydi nos estudos em meio aos túmulos.

16.mar.2021 - Neydi pega o celular da mãe emprestado para estudar já que não possui aparelho próprio. - REUTERS/Santiago Limachi - REUTERS/Santiago Limachi
Neydi pega o celular da mãe emprestado para estudar já que não possui aparelho próprio.
Imagem: REUTERS/Santiago Limachi

A outra filha de Alanoca fica com os sogros para usar o celular deles e também não perder as aulas. Apesar das dificuldades, Alanoca explicou que nem ela, nem a filha pensaram em desistir dos estudos por estarem em um ambiente tido como "assustador" por muitas pessoas.

"Dizem que o cemitério é assustador, mas não posso fazer nada a respeito porque, de qualquer forma, tenho que estar aqui com minha filha e fazer o dever de casa porque não tenho outro celular. É por isso que estamos aqui."