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Regulador dos EUA autoriza uso da Pfizer em adolescentes acima de 12 anos

Autoridades dos CDCs (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) devem se reunir nesta quarta-feira (12) para recomendar o uso nessa faixa etária. - Carlos Osorio/Reuters
Autoridades dos CDCs (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) devem se reunir nesta quarta-feira (12) para recomendar o uso nessa faixa etária. Imagem: Carlos Osorio/Reuters

Colaboração para o UOL

10/05/2021 19h33

O FDA (Food and Drug Administration), que equivale a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) nos Estados Unidos, autorizou o uso emergencial da vacina da Pfizer em adolescentes a partir de 12 anos.

Autoridades dos CDCs (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) devem se reunir nesta quarta-feira (12) para recomendar o uso nessa faixa etária.

Com a liberação, especialistas acreditam haver possibilidade das escolas retomarem as aulas presenciais, ainda que com medidas de prevenção.

"Os adolescentes, especialmente, têm sofrido tremendamente com a pandemia. Embora sejam menos propensos do que os adultos a serem hospitalizados ou sofrerem de doenças graves, suas vidas realmente foram restringidas em muitas partes do país. Uma vacina dá a eles uma camada extra de proteção e permite que eles voltem a ser crianças", disse o professor assistente de saúde internacional da Johns Hopkins, Kawsar Talaat.

Das mais de 581 mil mortes por covid no país, cerca de 300 eram pessoas com menos de 18 anos. Apesar do número representar menos de 1% do total de óbitos, a quantidade excede o número de adolescentes que morrem por gripe forte.

O imunizante da Pfizer, que já era autorizada para jovens a partir de 16 anos, foi a primeira a ser testada em adolescentes mais jovens.

Para liberar a vacina, o FDA levou em consideração um estudo feito com quase 2.300 adolescentes entre 12 e 15 anos, metade dos quais recebeu duas doses. Os pesquisadores coletaram amostras de sangue e mediram os níveis de anticorpos desencadeados pelas injeções e encontraram respostas imunológicas mais fortes nos adolescentes do que nos jovens adultos. Do total de participantes, 16 se infectaram. No entanto, todos haviam recebido placebo.

À frente da pesquisa no Hospital Infantil de Cincinnati, Robert Frenck Jr. afirmou que o estudo havia sido elaborado para testar se a vacina desencadearia respostas imunológicas, e não para prevenir a doença. Mas em razão do número de jovens que adoeceram após tomarem placebo ficou evidente que a vacina oferecia proteção robusta.

"Isso realmente mostra o quanto existe de cobiça na comunidade adolescente", ressaltou Frenck.

Os dados não foram publicados ou revisados infecciosas pediátricas do Vanderbilt University Medical Center, Kathryn M. Edwards, garantiu que os resultados anunciados pela Pfizer foram "muito empolgantes".

Entres os participantes do experimento estavam os irmãos Audrey Baker, de 15 anos, e Sam Baker, de 12. Audrey disse que não hesitou em se inscrever e sente falta de pequenas coisas sobre como a vida costumava ser — comer em restaurantes e ver a família.

"Eu apenas confiei na ciência. Eu sabia que era testado em adultos. Eu estava apenas entrando, esperando que talvez pudesse ser vacinado e ajudar a ciência. ", disse.

Sam estava mais hesitante em participar, pois isso significava fazer muitos testes de laboratório para acompanhamento. Ainda assim decidiu fazer isso e acha que pode ter tomado a vacina porque desenvolveu dor de cabeça e febre após a segunda dose.

A mãe deles, Rachel Baker, contou que se sentiu mais aliviada por causa dos sintomas do filho.

"O maior benefício é que sinto um peso sobre meus ombros. Não mudamos a forma como fazemos nada. … Ainda estamos mascarando, ainda estamos em distanciamento social, mas estamos um pouco mais calmos sobre tudo isso", ressaltou.

O pediatra do Tufts Medical Center e membro de um comitê consultivo externo do FDA, H. Cody Meissner, pensa ser necessária a vacina pediátrica, porém acredita ser preciso analisar mais dados de segurança porque a tecnologia de RNA mensageiro usada nas vacinas da Pfizer, assim como na Moderna, não tem um histórico de segurança estabelecido.

"Para aqueles que estão ansiosos para obtê-la, é importante entender que essa raramente é uma doença grave em jovens adolescentes e que esta é uma vacina inteiramente nova", disse.

Na semana passada, a Moderna anunciou que uma análise inicial de seu teste com adolescentes revelou que a vacina era 96% eficaz entre os participantes que receberam ao menos uma dose. A farmacêutica discute com reguladores os dados.

Além da empresa, a Pfizer está testando os imunizantes em crianças e bebês. A Johnson & Johnson planeja ensaios pediátricos de sua vacina de injeção única.

Ensaios em crianças mais jovens vão levar mais tempo, uma vez que os pesquisadores devem diminuir gradualmente a idade e determinar uma dose segura e eficaz.

O vice-presidente sênior de pesquisa clínica e desenvolvimento da Pfizer, William Gruber, informou que os dados de testes em crianças de até 2 anos podem estar disponíveis em setembro ou outubro. Já o de crianças de até 6 meses, até o final do ano.