Família de médico preso no Egito divulga carta com pedido de desculpas
A família do médico brasileiro Victor Sorrentino, preso no Egito acusado de assediar uma vendedora muçulmana, divulgou hoje uma carta com um pedido de desculpas em inglês e em árabe.
O texto é assinado por familiares dele e pela esposa e foi divulgado na conta do Instagram de Patrícia Sorrentino, irmã do médico.
"Quanto aos recentes acontecimentos ocorridos no caso do médico brasileiro Victor Sorrentino no Egito, e aos danos morais e materiais causados a todos que foram afetados. Nós, a família de Victor Sorrentino, e em nome de Victor apresentamos um pedido oficial de desculpas à vítima, sua família e a todos os atingidos pelo caso. A todo querido povo egípcio e a todos os funcionários do Estado do Egito. Nós estendemos nossos sentimentos mais sinceros e nos comprometemos a reparar todos os danos materiais e morais. Pedimos que aceitem nossas desculpas", diz o texto.
O caso ocorreu no último dia 24 de maio. No vídeo publicado em seu perfil no Instagram, com quase 1 milhão de seguidores, Sorretino faz comentários sexistas em português a uma vendedora, ao comprar papiro, folha de madeira usada para escrita no Egito Antigo. "Vocês gostam é do bem duro. Comprido também fica legal, né?", disse o médico gaúcho. "O papiro comprido."
"Si", respondeu a mulher, em espanhol, sem entender as palavras de Sorrentino. "Tá! Maravilha", responde o brasileiro. Após a publicação, as imagens circularam pelo país e as autoridades receberam denúncias da população.
Depois das críticas, o médico tornou privado seu perfil na rede social e postou outro vídeo, dessa vez se desculpando. "Eu sou assim. Sou um cara muito brincalhão", justificou.
Ontem, o Ministério Público do Egito pediu a prisão preventiva do médico. A informação do pedido foi publicada na conta oficial do órgão no Twitter.
O texto diz que o Ministério Público pediu a prisão provisória do brasileiro, por quatro dias, enquanto aguarda as investigações. O post ressalta que o brasileiro é acusado de "agredir sexualmente uma garota egípcia" usando as redes sociais e, assim, teria violado "os princípios e valores da família e da sociedade egípcia" além de violar "a vida privada da vítima".
O Itamaraty, por meio da embaixada brasileira no Egito, informou que está prestando assistência a Sorrentino.
A esposa do médico, a empresária Kamila Monteiro, chegou a publicar numa rede social um texto defendendo o marido e afirmando que o mundo está complexo e que as pessoas veem maldade em absolutamente tudo.
O Egito criminalizou assédio sexual em 2014. A lei prevê multas ou pena de seis meses a três anos de prisão. No ano passado, o parlamento egípcio aprovou uma lei para manter a identidade das vítimas de agressão e assédio sexual em sigilo. O objetivo é proteger a reputação e incentivá-las a registrarem os casos.
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