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Rússia convocará embaixadora do Reino Unido após incidente no mar Negro

30.dez.2020 - O Ministério das Relações Exteriores russo convocou a embaixadora Deborah Bronnert (foto) para apresentar uma "démarche dura" - Mikhail MetzelTASS via Getty Images
30.dez.2020 - O Ministério das Relações Exteriores russo convocou a embaixadora Deborah Bronnert (foto) para apresentar uma "démarche dura" Imagem: Mikhail MetzelTASS via Getty Images

Do UOL, em São Paulo*

24/06/2021 10h54

A Rússia convocou a embaixadora britânica em Moscou para uma repreensão diplomática formal depois que o navio de guerra invadiu o que o Kremlin diz serem suas águas territoriais, mas que o Reino Unido e a maioria do mundo dizem pertencer à Ucrânia.

Ontem, o governo russo anunciou que um avião Su-24 e uma embarcação deram disparos de advertência contra um destróier britânico que entrou em águas territoriais russas no mar Negro, na costa da Crimeia, península ucraniana anexada pela Rússia em março de 2014. Londres nega o incidente.

O Ministério das Relações Exteriores russo convocou a embaixadora Deborah Bronnert para apresentar uma "démarche dura" — uma repreensão, no jargão diplomático —, e a porta-voz Maria Zakharova acusou Londres de contar "mentiras descaradas".

Já o Reino Unido disse que a Rússia semeia imprecisões e contestou o relato russo, dizendo que nenhum tiro de alerta foi disparado e que nenhuma bomba foi lançada na rota do contratorpedeiro Defender da Marinha Real.

O navio estava "realizando uma passagem inocente pelas águas territoriais ucranianas de acordo com a lei internacional", disse ontem o Ministério da Defesa em Londres, em um comunicado.

"Acreditamos que foi uma provocação deliberada e premeditada", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, sobre o incidente, no qual Moscou disse ter disparado tiros de alerta e lançado bombas na rota da embarcação britânica. "No caso de uma repetição de uma ação provocadora inaceitável, se estas ações forem longe demais, nenhuma opção pode ser descartada em termos de defender legalmente as fronteiras da Rússia", disse Peskov aos repórteres.

O secretário britânico das Relações Exteriores, Dominic Raab, disse aos repórteres durante uma visita a Cingapura: "Nenhum tiro foi disparado contra o HMS Defender."

O Mar Negro, que Moscou usa para projetar seu poder no Mediterrâneo, é há séculos um ponto de tensão entre a Rússia e seus concorrentes, como Turquia, França, Reino Unido e Estados Unidos.

A Rússia ocupou e anexou a península da Crimeia da Ucrânia em 2014 e considera áreas ao redor de seu litoral como águas russas. Países ocidentais consideram a Crimeia como parte da Ucrânia e rejeitam as reivindicações russas aos mares no seu entorno.

Durante a guerra da Geórgia de 2008, a Rússia se enfureceu com operações de navios de guerra norte-americanos no Mar Negro, e em abril os EUA cancelaram o envio de dois navios de guerra à área.

* Com informações da Reuters