Rússia diz que atirou contra navio britânico no mar Negro; Reino Unido nega
O governo russo anunciou hoje que um avião Su-24 e uma embarcação deram disparos de advertência contra um destróier britânico que entrou em águas territoriais russas no mar Negro, na costa da Crimeia, península ucraniana anexada pela Rússia em março de 2014. Londres nega o incidente.
Segundo a agência Reuters, especialistas militares disseram que, independentemente de os detalhes dos relatos russos ou britânicos serem precisos ou não, o incidente parecia representar uma escalada no confronto entre o Ocidente e a Rússia sobre rotas marítimas disputadas.
"O destróier recebeu um aviso (...). Não reagiu à advertência", afirmou o ministério, citado por agências russas, o que levou um "barco de patrulha fronteiriça" e um avião Su-24M a darem "disparos de advertência". Quatro bombas de fragmentação altamente explosivas teriam sido jogadas no caminho da embarcação.
Na sequência, o navio britânico abandonou as águas russas, pondo fim ao incidente, que durou cerca de vinte minutos até o meio-dia desta quarta-feira, segundo a mesma fonte.
O Reino Unido rejeitou o relato da Rússia sobre o incidente, dizendo acreditar que quaisquer tiros disparados eram um "exercício de artilharia" russo e que nenhuma bomba havia sido lançada.
O navio estava "realizando uma passagem inocente pelas águas territoriais ucranianas de acordo com a lei internacional", disse o Ministério da Defesa em Londres, em um comunicado.
O porta-voz do primeiro-ministro Boris Johnson também comentou o assunto: "É incorreto dizer que foi alvejado ou que o navio estava em águas russas".
Segundo um comunicado da Royal Navy britânica de 10 junho, o navio em questão, o "HMS Defender", está na região para manobras da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e "se separou temporariamente do grupo de trabalho para realizar suas próprias missões no mar Negro".
Mesmo após a negativa dos britânicos, o Ministério de Defesa de Moscou publicou uma nota oficial, repercutida pela agência Tass, em que acusa Londres de "violar a Convenção das Nações Unidas de 1982" e pede que os britânicos "façam uma investigação aprofundada sobre o equipamento da HMS Defender para a prevenção de incidentes similares no futuro".
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia classificou a passagem do navio de guerra britânico pela área como um ato de "provocação flagrante" e disse que convocaria o embaixador britânico sobre o incidente.
O caso, pouco comum nessa região, ocorre dias antes das manobras Sea Breeze 2021 (de 28 de junho a 10 de julho), nas quais participam Estados Unidos, outros países da Otan e Ucrânia no Mar Negro, e das quais a Rússia desconfia.
Há cerca de dois meses, em meio a uma escalada na tensão com a Ucrânia e a União Europeia, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Alexander Grushko, afirmou que os países-membros da Otan estavam fazendo muitas movimentações no Mar Negro.
De acordo com Grushko, o Kremlin "está preocupado" com o "aumento da atividade dos Estados não costeiros" na área e que "o número de entradas de países da Otan e a duração da presença dos navios de guerra aumentaram".
A Rússia anexou a península da Crimeia em 2014 e considera as áreas ao redor da costa da península como águas russas. Os países ocidentais consideram a Crimeia parte da Ucrânia e rejeitam a reivindicação russa dos mares ao seu redor.
* Com informações da AFP, Ansa e Reuters
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