Número de mortos em Miami sobe para 18; crianças estão entre vítimas
A prefeita do condado de Miami-Dade, Danielle Cava, confirmou na noite de hoje que o número de mortes confirmadas após o desabamento de um prédio na região subiu para 18, incluindo duas crianças, uma de quatro e uma de 10 anos, que estão entre as últimas vítimas encontradas.
Em uma coletiva à imprensa local, Cava detalhou que pelo menos outras 145 pessoas continuam desaparecidas quase uma semana depois do incidente.
"Qualquer perda de vida, ainda mais considerando a natureza inesperada e sem precedentes, é uma tragédia", afirmou Cava, emocionada, na segunda entrevista coletiva do dia. "Mas a perda das nossas crianças é muito pra suportar", concluiu ela, em fala replicada pelo jornal The New York Times.
Amanhã, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, visitará o local do desabamento parcial.
Visita de Biden
Segundo a Casa Branca, Biden percorrerá o cenário da tragédia acompanhado da primeira-dama, Jill Biden, para garantir que as autoridades estaduais e locais tenham tudo o que precisam para a enfrentar a situação.
O prédio com 55 apartamentos desabou na madrugada do dia 24 de junho. Equipes de resgate continuavam vasculhando as ruínas de um condomínio da área de Miami, e a esperança de encontrar mais sobreviventes diminuiu depois de quase uma semana de sondagens e escavações.
A prefeita do condado disse ao jornal The Miami Herald que as equipes estão trabalhando para auditar a lista de desaparecidos em um esforço para remover nomes duplicados e fornecer dados mais precisos. "Estamos examinando todas essas informações. É um processo lento e metódico", disse ela.
Busca exaustiva
Dois guindastes são usados para remover cuidadosamente os escombros. Os bombeiros trabalham com a ajuda de tecnologia de busca por imagem e som, embora a esperança diminua à medida que os dias passam.
Dois venezuelanos foram identificados entre os mortos e há outros 29 latino-americanos vinculados à propriedade da qual ainda não há notícias: nove da Argentina, seis da Colômbia, seis do Paraguai, quatro da Venezuela, três do Uruguai e um do Chile.
"Sentimos que esta tragédia em Miami é nossa porque é o principal assentamento de venezuelanos nos Estados Unidos", disse Carlos Vecchio, representante diplomático do opositor venezuelano Juan Guaidó, considerado presidente interino da Venezuela pelos Estados Unidos. "Não vamos perder as esperanças!", pediu Vecchio, após visitar o local nesta terça-feira.
Autoridades locais prometeram uma investigação completa sobre as causas do ocorrido. Segundo uma carta divulgada nesta terça-feira pela imprensa americana, o presidente da associação dos coproprietários do complexo Champlain Towers South, Jean Wodnicki, alertou os moradores há dois meses que seu prédio estava sofrendo uma "deterioração" crescente.
Na carta, de 9 de abril, ele estimou que seria necessário investir cerca de 15 milhões de dólares nas avaliações necessárias para resolver problemas estruturais.
Desde 2018, "a deterioração do concreto se acelerou, a condição do telhado piorou consideravelmente", alertou Wodnicki. Naquele ano, um relatório sobre a luxuosa construção já indicava "danos estruturais significativos", bem como "rachaduras" no porão do prédio, de acordo com documentos divulgados pelo governo de Surfside.
"A impermeabilização sob as bordas da piscina e a via de acesso para veículos (...) já ultrapassou sua vida útil e, portanto, deve ser removida e totalmente substituída", escreveu o especialista Frank Morabito neste documento, pedindo reparos "dentro de um prazo razoável", embora sem indicar abertamente um risco de colapso.
"Não vi nada que me dissesse que seria melhor sair daqui se eu estivesse nesse prédio", disse o engenheiro Allyn Kilsheimer, enviado pela cidade de Surfside para esclarecer as causas da tragédia. "Nunca há nada perfeito no projeto" de um edifício, julgou o especialista, que trabalhou após o ataque ao Pentágono no 11 de Setembro e no terremoto na Cidade do México em 1985. "É possível que tenha entrado em cena uma combinação de fatores."
A investigação para apontar a causa exata da tragédia deve levar meses.
*Com informações da AFP e Reuters
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