Bolsonaro critica Cuba e apoia protestos: 'Que a democracia floresça'
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou o governo de Cuba e seus supostos apoiadores no Brasil, um dia após o país registrar protestos contra o presidente Miguel Díaz-Canel e pedindo mudanças. Ele também demonstrou apoio e solidariedade aos manifestantes, a quem classificou como "corajosos".
"[Os manifestantes em Cuba] foram pedir liberdade. Sabe o que tiveram ontem? Borrachada, pancada e prisão. E tem gente aqui no Brasil que apoia Cuba, que apoia Venezuela. Gente que foi várias vezes para Cuba tomar champanhe com [Fidel] Castro, foi para a Venezuela tomar uísque com o [Nicolás] Maduro. E tem gente aqui que apoia esse tipo de gente, é sinal de que querem viver como os venezuelanos, como os cubanos", disse Bolsonaro em conversa com apoiadores em Brasília, na manhã de hoje.
É o comunismo. O cara prega igualdade, mas todos são iguais na pobreza. Alguém sabe quanto é salário mínimo em Cuba? US$ 20, R$ 100. Na Venezuela está, atualmente, em US$ 5. Você tem que pegar uma sacola de dinheiro para comprar pão, se achar pão. (...) Inteligente é quem aprende com erros dos outros; idiota aprende com próprios erros; imbecis não aprendem nunca.
Jair Bolsonaro, sem dizer as fontes dos valores citados
Em dezembro do ano passado, o Diário Oficial informou que o salário mínimo em Cuba passou de 400 para 2.100 pesos cubanos (de US$ 17 para US$ 87), como parte de uma reforma salarial e monetária que entrou em vigor em 1º de janeiro deste ano.
Em maio deste ano, o governo venezuelano anunciou um aumento de quase 300% do salário mínimo, o que, no entanto, não é suficiente para comprar um quilo de carne, devido à galopante hiperinflação. "Entra em vigor um aumento do salário mínimo para 7 milhões de bolívares", equivalente a US$ 2,5, informou o ministro do Trabalho, Eduardo Piñate, na ocasião.
Depois, em uma rede social, o presidente ainda prestou "todo apoio e solidariedade" ao povo de Cuba e classificou o regime de Díaz-Canel como uma "ditadura cruel". "Que a democracia floresça em Cuba e traga dias melhores ao seu povo", escreveu.
Cuba vê maiores protestos em décadas
Gritando "liberdade" e pedindo a renúncia do presidente, milhares de cubanos se uniram a protestos de rua de Havana a Santiago ontem, as maiores manifestações antigoverno na ilha comunista em décadas.
Os protestos aconteceram em meio à pior crise econômica de Cuba desde o fim da União Soviética, sua antiga aliada, e a uma disparada recorde de infecções de coronavírus. Pessoas expressaram revolta com a escassez de produtos básicos, as limitações às liberdades civis e à maneira como as autoridades lidam com a pandemia.
Milhares foram às ruas de várias partes de Havana, incluindo o centro histórico, e os gritos de "Díaz-Canel, renuncie" se sobrepuseram aos de grupos de apoiadores do governo que acenavam com bandeiras cubanas e bradavam "Fidel".
Jipes de forças especiais com metralhadoras montadas nas traseiras foram vistos em toda a capital, e a presença policial era forte mesmo depois de a maioria dos manifestantes ter ido para casa em obediência ao toque de recolher das 21h resultante da pandemia.
Díaz-Canel, que também comanda o Partido Comunista, atribuiu o tumulto aos Estados Unidos, ex-inimigo da Guerra Fria que nos últimos anos endureceu seu embargo comercial de décadas contra a ilha, em um pronunciamento televisionado na tarde de ontem.
O presidente disse que muitos manifestantes são sinceros, mas manipulados por campanhas de rede social orquestradas pelos EUA e "mercenários" em solo cubano, e alertou que novas "provocações" não serão toleradas, pedindo aos apoiadores que as confrontem.
Ele faria outro pronunciamento à nação hoje, de acordo com a mídia estatal.
Julie Chung, subsecretária interino do Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado norte-americano, disse que o órgão ficou profundamente preocupado com os "chamados ao combate" em Cuba e que apoia o direito do povo cubano a reuniões pacíficas.
Testemunhas da Reuters nos protestos em Havana viram forças de segurança, auxiliadas por possíveis agentes à paisana, prenderem cerca de duas dúzias de manifestantes. A polícia usou spray de pimenta e espancou alguns manifestantes, além de um fotógrafo trabalhando para a agência de notícias Associated Press.
(*Com Reuters e AFP)
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