Procuradoria conclui que governador de NY assediou mulheres e funcionárias
Uma investigação independente da procuradoria-geral do estado de Nova York, nos EUA, concluiu que o governador Andrew Cuomo assediou sexualmente onze mulheres, entre elas, antigas e novas funcionárias de seu escritório. O governador nega as acusações de assédio sexual, mas declarou que algumas de suas atitudes podem ter deixado as vítimas "se sentirem desconfortáveis".
Apesar da conclusão, a investigação é de natureza civil e não tem consequências criminais, pois o gabinete da procuradoria-geral não tem jurisdição legal para abrir um processo de caráter criminal, informou a CNN Internacional.
A procuradora-geral de Nova York, Letitia James, disse hoje, em entrevista à imprensa, que o "governador Cuomo assediou sexualmente várias mulheres" e afirmou que as ações dele são crimes que violam as leis estaduais e federais.
Segundo a rede de televisão NBC, os investigadores disseram que entre as agressões sexuais feitas por Cuomo, do Partido Democrata, estavam comentários sexuais, e agarrar e beijar as vítimas sem consentimento delas.
"A investigação descobriu que o governador Cuomo assediou várias mulheres, muitas das quais eram mulheres jovens, apalpando-as sem o seu consentimento, dando beijos, abraços e fazendo comentários inadequados. Esta investigação revelou uma conduta que corrói a própria estrutura e caráter de nosso governo estadual, e ilumina a injustiça que pode estar presente no mais alto nível do governo", declarou a procuradora-geral.
O jornal The New York Times informou que a procuradoria-geral também conseguiu comprovar que o Cuomo e sua equipe de assessores retaliaram uma ex-funcionária vítima que divulgou publicamente o seu caso.
O relatório da investigação também apontou que governador e seus funcionários criaram um ambiente de trabalho tóxico envolvido por medo e intimidação das trabalhadoras.
A divulgação da investigação pode ajudar a aumentar o apoio para o impeachment de Cuomo que, apesar da pressão em razão das denúncias, continua se negando a renunciar ao cargo.
As acusações contra Cuomo
O governador de 63 anos se tornou alvo de críticas, inclusive de outros membros do Partido Democrata, depois que a ex-assessora Charlotte Bennett revelou ao The New York Times que Cuomo a havia assediado sexualmente no ano passado.
De acordo com Bennett, de 25 anos, Cuomo disse a ela, em junho passado, que ele estava aberto a namorar mulheres mais novas e perguntou se a diferença de idade poderia influenciar um relacionamento romântico, informou o New York Times.
A denúncia veio quatro dias depois que outra ex-colaboradora, Lindsey Boylan, descrever ter tido um contato físico indesejado com Cuomo. O governador negou ter se envolvido em qualquer conduta ou proposta inadequada, mas admitiu à época que sua conduta fosse investigada.
Uma terceira mulher também apresentou uma denúncia em março deste ano. Anna Ruch, 33, que ao contrário das denunciantes anteriores nunca trabalhou com o governador, disse ao The New York Times que Cuomo perguntou a ela, em um casamento em 2019, se poderia beijá-la, depois que ela retirou a mão do político da parte inferior de suas costas.
Ainda no mês de março, em matérias publicadas pelos jornais Washington Post e Wall Street Journal, mais duas mulheres se apresentaram e descreveram o que caracterizaram como comportamento impróprio de Cuomo.
Também à época, o governador negou ter se envolvido em qualquer conduta ou proposta inadequada. No entanto, declarou que "compreende que agiu de uma maneira que deixou as pessoas desconfortáveis", mas reafirmou que "não foi intencional".
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