Estados Unidos confirmam que deixaram por completo o Afeganistão
Os Estados Unidos anunciaram na tarde de hoje que se retiraram por completo do Afeganistão, depois de 20 anos de presença militar no país. Esta foi a mais longa guerra norte-americana, oficialmente encerrada hoje com a retirada dos últimos aviões militares.
Em uma coletiva de imprensa, o general do Comando Central Kenneth McKenzie informou ainda que os Estados Unidos encerraram a missão militar de evacuação de cidadãos americanos, de afegãos vulneráveis e de nacionais de outros países, e admitiu que não conseguiram tanta gente quanto gostariam.
"Estou aqui para anunciar a conclusão de nossa retirada do Afeganistão e o fim da missão para evacuar cidadãos americanos, nacionais de países terceiros e afegãos vulneráveis. O último C-17 decolou do Aeroporto Internacional Hamid Karzai em 30 de agosto, esta tarde, às 15h29, horário da costa leste, e a última aeronave tripulada está deixando o espaço aéreo afegão", disse McKenzie.
O general disse ainda que os Estados Unidos continuarão atuando diplomaticamente para evacuar outros cidadãos que queiram deixar o país do Oriente Médio. "Enquanto a evacuação militar está completa, a missão diplomática para garantir a evacuação de mais cidadãos dos EUA e afegãos elegíveis que querem partir continua", disse ele.
"Não retiramos todos os que gostaríamos de evacuar", disse o general Kenneth McKenzie, destacando que as retiradas foram concluídas "umas 12 horas" antes da saída final, mas que as forças americanas no terreno estiveram prontas para tirar do país qualquer um que pudesse chegar no aeroporto "até o último minuto".
Mais de 100 americanos permanecem no Afeganistão
Em pronunciamento à imprensa, o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, disse que "um pequeno número" de norte-americanos permanece no país e quer sair.
"Menos de 200 e mais provavelmente próximo de 100, continuam no Afeganistão e querem sair. Estamos tentando determinar exatamente quantos", afirmou.
Blinken também disse que "um novo capítulo" começa na relação com o país do Oriente Médio, e que os esforços serão principalmente diplomáticos. "A missão militar acabou. Uma nova missão diplomática começa", declarou.
Ele anunciou que os EUA irão suspender a presença diplomática em Cabul e transferirá as operações para Doha, no Catar. "Esse era o passo mais prudente agora", disse.
Talibã celebrou retirada
Pouco após o pronunciamento do Pentágono, Departamento de Defesa dos EUA, o porta-voz do Talibã, grupo extremista que tomou o poder no Afeganistão a partir da retirada americana, celebrou a saída dos militares. Zabihullah Mujahid escreveu em seu perfil no Twitter que o país tornou-se "totalmente livre e independente".
"Os sons de tiros em Cabul são tiros de alegria com a retirada das tropas americanas, e os cidadãos não precisam ficar preocupados. Estamos em processo de superação", completou.
Planos dos EUA foram mantidos
Inicialmente, o presidente Joe Biden havia determinado que a retirada do Afeganistão deveria acontecer até o dia 11 de setembro de 2021, quando o atentado contra as Torres Gêmeas, em Nova York, vai completar 20 anos. Posteriormente, a previsão para a saída completa passou a ser o dia 31 de agosto.
Em meados de agosto, quando os Estados Unidos começaram a mandar suas tropas de volta, o Talibã tomou o poder no Afeganistão, o que resultou em centenas de mortes e uma dúvida se a retirada ia mesmo se completar. Na ocasião, Joe Biden chegou a assumir a responsabilidade, mas reforçou que isso não mudaria os planos americanos.
Em seu pronunciamento na tarde de hoje, o general Kenneth McKenzie chegou a se manifestar sobre isso, afirmando que os Estados Unidos acreditaram que teriam o apoio das forças do Afeganistão para poder fazer uma retirada pacífica.
* Com AFP
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