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Explosão em mesquita deixa ao menos 100 mortos e feridos no Afeganistão

Do UOL, em São Paulo*

08/10/2021 10h14Atualizada em 08/10/2021 13h42

Uma explosão em uma mesquita xiita na cidade de Kunduz, no nordeste do Afeganistão, deixou ao menos 100 mortos e feridos, relatou a Missão da ONU no país. Segundo o Talibã, o ataque foi causado por um homem-bomba.

Ainda não há números oficiais sobre as vítimas do atentado, mas de acordo com a agência de notícias Efe, pelo menos 80 pessoas morreram. Segundo Ab Qadir Sediqi, repórter da agência Reuters no Afeganistão, que conversou com autoridades da Saúde no país, o total de óbitos está entre 70 e 80.

A ação ocorreu por volta do meio-dia (hora local) em um dia que é considerado sagrado pelos muçulmanos. Os feridos estão sendo atendidos no Hospital Central de Kunduz e nas instalações da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF). Testemunhas descreveram cenas atrozes à AFP.

Apesar de não ter sido reivindicado por nenhum grupo, a ação tem o formato dos ataques do grupo terrorista Estado Islâmico, formado por islâmicos sunitas, e que tem um braço muito ativo no território afegão, o EI de Khorasan (Isis-K ou EI-K).

Há cinco dias, o grupo assumiu a responsabilidade por um ataque a uma mesquita de Cabul que deixou cinco mortos. Uma cerimônia fúnebre era realizada no local após a morte da mãe de Zabihullah Mujahid, o porta-voz do Talibã, morta na semana passada. Apesar de ambos serem sunitas, EI e Talibã são inimigos.

Nas redes sociais, a ONU afirmou que o ataque de hoje é parte de um padrão "perturbador" de violência. "É o terceiro ataque mortal esta semana, aparentemente visando uma instituição religiosa. O Estado Islâmico assumiu a responsabilidade pelo incidente de domingo, próximo a uma mesquita de Cabul. Ainda não se sabe o autor do ataque de quarta-feira a uma madrassa em Khost".

Desde que os talibãs, que também são sunitas, retomaram o poder no Afeganistão, em 15 de agosto, o EI-K vem realizando ações pontuais para enfrentar os "rivais".

Apesar de ambos estarem na mesma vertente islâmica, cada um se considera mais "importante" e detentor dos "saberes" do que o outro. Enquanto os talibãs tem uma visão mais nacional, de criar um "emirado islâmico" no Afeganistão apenas, os membros do EI querem fazer uma dominação ampla, expandindo seus "poderes" pelo mundo.

Além disso, o EI considera os muçulmanos xiitas como "hereges" que devem ser eliminados.

O porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, informou que "forças especiais" foram enviadas ao local para investigar o caso.

Ataques recentes a xiitas

No Afeganistão, os xiitas, que representam 20% da população, são frequentemente alvo de ataques, cometidos na maioria dos casos pelo braço local do grupo Estado Islâmico, o Estado Islâmico-Khorasan (EI-K). Este grupo assumiu a responsabilidade por alguns dos ataques mais sangrentos dos últimos anos no Afeganistão e no Paquistão - sobretudo, atentados suicidas em mesquitas, hospitais e outros locais públicos.

O grupo tem como alvo os muçulmanos, os quais considera hereges, como os xiitas do grupo étnico hazara. Em agosto de 2019, ele assumiu a responsabilidade por um ataque a xiitas durante um casamento em Cabul, que matou 91 pessoas.

Também é responsável por um ataque em maio de 2020 contra a maternidade de um bairro de maioria xiita da capital afegã, no qual 25 pessoas morreram, incluindo 16 mães e vários recém-nascidos.

*Com ANSA e AFP

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferente do publicado anteriormente, a Missão da ONU comunicou 100 mortos e feridos e não 100 mortos e mais 140 feridos. O texto foi atualizado.