Comitê dos EUA indicia Steve Bannon, ex-assessor de Trump, por desacato
A comissão da Câmara dos Deputados dos EUA que investiga a invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro, aprovou, por unanimidade, relatório em que Steve Bannon, ex-conselheiro de Donald Trump e próximo da família Bolsonaro, é acusado de desacato por ter supostamente se recusado a cooperar com o inquérito. A recomendação agora segue para o plenário da Casa.
Bannon faltou a uma audiência na última quinta-feira (14). Na ocasião, ele alegou estar protegido por privilégios executivos, mesmo sem ocupar cargo dentro da Casa Branca, atualmente gerida pelo presidente democrata Joe Biden, de quem Bannon é opositor.
Se aprovado pelo plenário Câmara, de maioria democrata, o Departamento de Justiça deverá encaminhar a matéria para o escritório do procurador-geral dos EUA , Merrick Garland, que pode a levar o caso a júri federal para punir Bannon por desacato.
"É essencial que recebamos o testemunho factual e completo do Sr. Bannon, a fim de obter um relato completo acerca dos atos violentos de 6 de janeiro e suas causas", disse o deputado Bennie Thompson, presidente do colegiado. "Não podemos permitir que alguém atrapalhe o comitê enquanto trabalhamos para chegar aos fatos."
Os integrantes do comitê tomaram a atitude contra Bannon a fim de alertar os funcionários de Trump na Casa Branca e pessoas envolvidas diretamente no ataque ao Capitólio de que desobedecer as intimações pode provocar consequências legais.
O comitê também intimou o chefe de gabinete da Casa Branca durante o governo Trump, Mark Meadows, e seu vice, Dan Scavino, e o então assessor do departamento de defesa Kash Patel.
Possível envolvimento
Steve Bannon é considerado uma figura-chave de interesse para os investigadores do comitê da Câmara norte-americana porque ele esteve em contato constante com o ex-presidente Donald Trump e sua equipe nos dias anteriores a 6 de janeiro.
Para o comitê da Câmara, Bannon também pode ter tomado conhecimento prévio do ataque ao Capitólio: em 5 de janeiro, um dia antes da insurreição que deixou cinco mortos e 140 policiais feridos, Bannon falava em seu podcast, Bannon's War Room, que "o inferno explodiria" no dia seguinte, em que apoiadores de Trump invadiram a sede do Legislativo dos EUA.
Ligação com o Brasil
O assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Filipe G. Martins, é um dos responsáveis pela aproximação da ala ideológica do governo Bolsonaro a Steve Bannon. Quando era editor-chefe do site Breitbart News, o ex-estrategista de Donald Trump ajudou a impulsionar a popularidade de figuras com o provocador britânico Milo Yiannopoulos e o autodeclarado nacionalista branco Richard Spencer.
No Brasil, a Polícia Federal monitora as ações de Bannon relacionadas às eleições no Brasil em 2022. Crítico do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bannon constantemente levanta dúvidas quanto à segurança das urnas eletrônicas brasileiras.
A justificativa da PF é que os seguidores de Bolsonaro usam métodos de desinformação em redes sociais iguais aos que Bannon coordenava em favor de Trump quando era conselheiro sênior da Casa Branca.
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