Princesa Mako, do Japão, se casa com plebeu e abre mão de título real
A princesa Mako, do Japão, se casou hoje com seu namorado desde a universidade, Kei Komuro, em uma cerimônia discreta após anos de controvérsia. Com a saída da princesa Mako, a família real do Japão passa a ter 12 mulheres e cinco homens
Ao casar-se com seu antigo colega de universidade, a princesa de 30 anos adotou o sobrenome do marido e perdeu seu título real, como previsto na legislação imperial japonesa para mulheres.
A lei também determina que apenas homens podem suceder ao trono, e os filhos de mulheres da família imperial que se casam com plebeus não são incluídos. Os próximos na linha de sucessão imperial são o pai de Mako, o príncipe Akishino, e o irmão da princesa, o príncipe Hisahito.
Mako e Komuro também quebraram a tradição ao abrir mão dos rituais e cerimônias tradicionais em casamentos reais. Além disso, a princesa recusou uma espécie de dote no valor de cerca de US$ 1,3 milhão (cerca de R$ 7,2 milhões), que costuma ser pago a mulheres que deixam a família imperial após o casamento.
Desde que anunciou o noivado em 2017, o casal virou o alvo predileto dos tabloides, que destacavam as dificuldades financeiras da família plebeia de Komuro. Mas finalmente, "os documentos do casamento foram concluídos e aceitos", afirmou uma fonte da casa imperial à AFP.
Imagens exibidas por canais de televisão mostraram a princesa e sobrinha do imperador Naruhito saindo da residência imperial de Akasaka. Com um ramo de flores em suas mãos, Mako se despediu com uma reverência de seus pais e da imprensa, além de um abraço na irmã.
"Kei é insubstituível. Nosso casamento é um passo necessário para que possamos proteger nossos corações", declarou Mako.
"Eu amo Mako", afirmou o marido, antes de acrescentar que "de agora em diante quero estar ao lado do amor da minha vida".
Havia 67 membros da família real do Japão após a Segunda Guerra Mundial. A partir desta terça, há apenas 17, e apenas três herdeiros ao trono entre eles: o tio do imperador de 85 anos, Príncipe Masahito; seu irmão, o príncipe herdeiro Fumihito, de 55 anos; e seu sobrinho e irmão da princesa Mako, Hisahito, de 15 anos.
Aprovação popular
Quando o casal anunciou o noivado há quatro anos, tudo era diferente. Komuro descreveu Mako como "a lua" que cuidava dele discretamente e ela comparou seu sorriso ao sol.
Mas quando a imprensa começou a investigar o passado de Komuro sugiram informações de que sua mãe não pagou um empréstimo de 4 milhões de ienes (cerca de R$ 195 mil) a um ex-noivo.
A disputa, ainda sem solução, provocou escândalo no Japão, onde se espera um comportamento impecável dos membros da família imperial.
Tanta atenção da imprensa provocou um transtorno de estresse pós-traumático em Mako, admitiu recentemente a agência imperial.
O casal adiou o casamento e Komuro se mudou para Nova York para estudar Direito em 2018, decisão interpretada como uma tentativa de escapar da imprensa.
O recém-formado voltou ao Japão no mês passado, com direito a um novo penteado, que também virou assunto na imprensa.
"Existem opiniões diferentes sobre meu casamento com Kei", declarou Mako hoje.
"Eu gostaria de agradecer aos que estão preocupados comigo e aos que sempre nos apoiaram, a Kei e a mim, sem escutar os boatos infundados", acrescentou a princesa, que confessor ter sentido "medo, tristeza e dor" com os rumores.
Apesar da pressão da imprensa sensacionalista, uma pesquisa do jornal Yomiuri Shimbun mostra que metade dos entrevistados aprovam o casamento, enquanto 33% se declaram contrários.
Mudança para os Estados Unidos?
No matrimônio de Mako e Kei "não haverá cerimônia de casamento, banquete nem outros rituais, e não haverá pagamento" à noiva, indicou a agência imperial no início do mês, em referência ao presente convencional de 153 milhões de ienes (cerca de R$ 7,2 milhões).
Muitos especulam que o casal planeja mudar para os Estados Unidos, o que provocou algumas comparações com outro casal real também sob forte pressão midiática: o príncipe Harry da Inglaterra e sua esposa Meghan Markle.
Não está claro se a já ex-princesa Mako trabalhará no país, embora esteja mais do que qualificada. Ela estudou Arte e Patrimônio Cultural na Universidade Internacional Cristã de Tóquio, onde conheceu Komuro, e passou um ano em Edimburgo.
Também tem mestrado pela Universidade de Leicester, no Reino Unido.
O trono japonês só pode ser herdado por homens da família. Os filhos de mulheres que se casam com plebeus ficam excluídos da linha de sucessão.
Já aconteceram debates sobre uma mudança das regras, inclusive um painel governamental abordou a questão, mas o caminho é dificultado pela forte oposição dos tradicionalistas, que rejeitam a possibilidade de uma mulher no trono.
*Com informações das agências AFP e Deutsche Welle.
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