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Descoberta de mosaico de 1.500 anos da 'Ilíada' é festejada no Reino Unido

Imagem do mosaico romano recém-descoberto em Rutland, Reino Unido - Reprodução/Historic England Archive
Imagem do mosaico romano recém-descoberto em Rutland, Reino Unido Imagem: Reprodução/Historic England Archive

Colaboração para o UOL

26/11/2021 12h17

Um mosaico romano ilustrando cenas da obra "Ilíada", de Homero, foi encontrado em uma fazenda no condado de Rutland, no Reino Unido. Os especialistas estimam que a relíquia tenha aproximadamente 1.500 anos e a festejaram o que consideram ser uma das principais descobertas romanas em território britânico nos últimos 100 anos.

Segundo o The Guardian, a relíquia foi encontrada por Jim Irvine, filho do proprietário do local, Brian Naylor, durante o lockdown em 2020. As investigações sobre o mosaico foram lideradas por arqueólogos da Universidade de Leicester em parceria com o instituto Historic England e as autoridades de Rutland.

"Uma caminhada pelos campos com a família se transformou em uma descoberta incrível", disse Irvine, ao The Guardian. "Encontrar cerâmicas incomuns no meio da plantação de trigo despertou meu interesse e motivou mais pesquisas".

Segundo os investigadores, o mosaico fica dentro do que se acredita ter sido um elaborado complexo residencial que engloba uma série de outras estruturas e edifícios, além de salas circulares e possíveis casas de banho. É provável que tenha sido ocupado por um rico cidadão romano, em algum período entre os séculos 3 e 4 d.C.

Os restos do mosaico, que mede entre 7 e 11 metros, formam provavelmente o piso de uma área de jantar e entretenimento, embora essas peças tenham sido usadas para representar a batalha de Aquiles com Heitor no final da guerra de Tróia.

Além do mosaico, também foram encontrados restos humanos nos escombros que cobriam o mosaico, que, de acordo com os investigadores, podem ter sido enterrados depois que o local não estava mais ocupado.

A obra de arte foi danificada por trabalhos de construção posteriores e apresenta marcas de queimaduras de incêndios, que com restos humanos encontrados nos entulhos, sugere que em uma uma fase de decadência da era romana ou no início da Idade Média, o local perdeu seu caráter opulento original e foi reaproveitado.

Para John Thomas, vice-diretor de Serviços Arqueológicos da Universidade de Leicester e líder das escavações em Rutland, há indícios também de que o morador deste antigo complexo era um amante da literatura clássica.

"Estamos adquirindo novas perspectivas sobre as atitudes das pessoas na época e suas ligações com a literatura clássica", disse Thomas. "O dono do local foi alguém com conhecimento dos contos clássicos, que tinha dinheiro para encomendar uma obra desse tipo, e é a primeira descrição dessas histórias que encontramos na Grã-Bretanha."

Outras escavações estão planejadas para o próximo ano. Os trabalhos de investigação sobre o mosaico e outros destroços continuam. E enquanto isso, o chão foi enterrado novamente para proteger o mosaico e todos os seus detalhes. Os arqueólogos também esperam criar uma exibição fora do local com o apoio de financiamentos privados.