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Governo Johnson pede desculpa à rainha por festa antes do funeral de Philip

Premiê britânico Boris Johnson na porta de Downing Street, sua residência oficial, em Londres - Hannah McKay/Reuters
Premiê britânico Boris Johnson na porta de Downing Street, sua residência oficial, em Londres Imagem: Hannah McKay/Reuters

Mateus Omena

Colaboração para o UOL, em São Paulo

14/01/2022 12h41Atualizada em 18/02/2022 00h33

O gabinete do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pediu desculpas à rainha Elizabeth II hoje (14) por duas festas que aconteceram em Downing Street, residência oficial do premiê, na véspera do funeral do príncipe Philip no ano passado.

As confraternizações proibidas ocorreram em 16 de abril de 2021, de acordo com informações do jornal britânico Daily Telegraph. Os funcionários organizaram duas festas de despedidas separadas, uma para o ex-diretor de comunicações James Slack e outra para um fotógrafo do governo. As festas contaram com bebidas alcoolicas, música e duraram até a madrugada.

Em seu pedido de desculpas emitido ao Palácio de Buckingham, o porta-voz de Johnson disse: "É profundamente lamentável que isso tenha ocorrido em um momento de luto nacional, e o Nº 10 (Downing Street) pediu desculpas ao palácio por isso".

Questionado pela imprensa, o porta-voz não confirmou se Boris Johnson pediria desculpas pessoalmente à rainha em uma próxima audiência privada, mas declarou que o primeiro-ministro reconheceu a "indignação" da população sobre os eventos sociais que violaram o lockdown estabelecido para combater a pandemia de Covid-19, e que também desrespeitaram o momento de luto da morte do marido da soberana.

A Rainha Elizabeth II permaneceu sozinha durante o funeral do marido devido às regras de distanciamento social para conter a propagação do vírus.

Crise política

O episódio polêmico envolvendo o gabinete de Johnson recebeu duras críticas da oposição. O líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, disse: "Isso mostra o quão seriamente Boris Johnson degradou o cargo de primeiro-ministro. Os membros do Partido Conservador decepcionaram a Grã-Bretanha".

Starmer também acrescentou: "Um pedido de desculpas não é a única coisa que o primeiro-ministro deveria oferecer à Rainha neste momento. Boris Johnson deveria fazer a coisa decente e renunciar".

Já o líder do Partido dos Liberais Democratas, Ed Davey, declarou: "Boris Johnson deveria visitar a Rainha, pedir desculpas pessoalmente pela ofensa que ele causou a ela e milhões em todo o país em luto por seus entes queridos. Ele deve então usar essa oportunidade para entregar oficialmente sua renúncia".

Slack, que trabalhou de perto com a ex-primeira-ministra Theresa May antes de se juntar à equipe de Johnson, emitiu seu próprio pedido de desculpas. "Desejo pedir perdão sem reservas pela raiva e mágoa causada. Este evento não deveria ter acontecido. Estou profundamente arrependido e assumo total responsabilidade".

Boris Johnson está sob intensa pressão em relação às revelações de uma série de festas em Downing Street em meio ao crescente índice de infecções por Covid-19 no país. Tais infrações estão sendo investigadas pela funcionária pública sênior Sue Gray. O primeiro-ministro disse aos parlamentares na quarta-feira (12) que participou de uma confraternização no jardim de Downing Street em 20 de maio de 2020, mas afirmou acreditar que era um "evento de trabalho".

Vários deputados, incluindo o líder conservador escocês, Douglas Ross, e o membro do Partido Conservador Andrew Bridgen, desde então, pediram a renúncia de Johnson .

Entre os opositores, há expectativa de que as investigações de Sue Gray identifiquem um histórico de festas proibidas e outras irregularidades em Downing Street, mas não está claro se ela responsabilizará Johnson diretamente.