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EUA criticam 'solidariedade' de Bolsonaro a Vladimir Putin em encontro

16.fev.2022 - Jair Bolsonaro acompanha Vladmir Putin, presidente da Rússia, durante declaração à imprensa, em Moscou - Alan Santos/PR
16.fev.2022 - Jair Bolsonaro acompanha Vladmir Putin, presidente da Rússia, durante declaração à imprensa, em Moscou
Imagem: Alan Santos/PR

Do UOL, em São Paulo

17/02/2022 20h42

Os EUA criticaram hoje a "solidariedade" prestada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) à Rússia durante encontro entre o chefe brasileiro e o presidente russo, Vladimir Putin, ocorrido em Moscou, nesta quarta-feira (16). A declaração foi feita por um porta-voz do Departamento de Estado do governo americano à TV Globo.

Vemos uma narrativa falsa de que nosso engajamento com o Brasil em relação à Rússia envolve pedir ao Brasil que escolha entre os Estados Unidos e a Rússia. Esse não é o caso. A questão é que o Brasil, como um país importante, parece ignorar a agressão armada por uma grande potência contra um vizinho menor, uma postura inconsistente com sua ênfase histórica na paz e na diplomacia. Porta-voz do Departamento de Estado dos EUA à TV Globo

"O momento em que o presidente do Brasil se solidarizou com a Rússia, enquanto as forças russas estão se preparando para potencialmente lançar ataques a cidades ucranianas, não poderia ter sido pior. Isso mina a diplomacia internacional destinada a evitar um desastre estratégico e humanitário, bem como os próprios apelos do Brasil por uma solução pacífica para a crise", acrescentou.

Bolsonaro está em viagem oficial de quatro dias pela Europa: primeiro se encontrou com o presidente Vladimir Putin e empresários locais, em Moscou, e depois se reuniu com o líder húngaro, Viktor Orbán, em Budapeste.

Nas palavras de abertura de seu encontro privado com Putin, Jair Bolsonaro afirmou que "somos solidários à Rússia".

O presidente brasileiro não disse solidário em relação a quê, mas o seu anfitrião está no centro de uma das maiores crises de segurança no mundo desde o fim da Guerra Fria, a tensão com a Ucrânia e o Ocidente, que acusa Moscou de ameaçar invadir o país vizinho.

Antes da viagem de Bolsonaro, os EUA fizeram gestos para primeiro impedir a visita e, depois, para que ele levasse palavras duras a Putin sobre a condução da crise —o que evidentemente não aconteceu.

Tensão no Leste Europeu

A viagem de Bolsonaro a Moscou ocorreu enquanto os EUA e a Rússia protagonizam duro embate político internacional.

De um lado, os russos levaram cerca de cem mil soldados, tanques e armamentos pesados à fronteira com a Ucrânia, ameaçando invadir o país a qualquer momento, se os americanos e seus aliados ocidentais não interromperem qualquer processo para a entrada da Ucrânia na Otan, a aliança militar do Atlântico Norte.

Em contrapartida, os americanos ajudam a Ucrânia com armas e já deslocaram mais de 3 mil soldados para bases da Otan na Romênia e na Polônia. Outros países, como o Reino Unido, Itália e Espanha, pressionam a Rússia com ameaças de sanções econômicas severas e resposta ágil, caso a invasão seja realizada de fato.