Escolas de Tóquio anulam normas rígidas sobre penteados e roupas íntimas
Além de qualidade e disciplina, as escolas públicas de Tóquio são famosas pela padronização da vestimenta dos alunos. No entanto, esse código agora está com os dias contados, segundo anúncio recente das autoridades locais. De acordo a CNN, cinco regras serão abolidas em cerca de 200 escolas públicas da capital japonesa. Os alunos não serão mais obrigados a seguir as determinações sobre as roupas íntimas e cores de cabelo e estarão livres para adotar penteados do estilo de sua preferência.
Por décadas, estudantes eram vistos com uniformes que representavam a rigidez, a formalidade e a ordem entre a sociedade japonesa. E o mesmo se aplicava ao restante da aparência do indivíduo. De acordo com as regras, todos os alunos tinham que ter o cabelo da cor preta, penteados simples e roupas íntimas de uma cor designada pelas instituições de ensino. Mas, hoje, tudo isso é encarado como uma tradição do passado, devido a mudanças de valores e pressão por parte dos jovens.
Muitas garotas estão se manifestando a favor do movimento de flexibilização das regras de vestimenta nas escolas. E esse cenário também está influenciando mulheres adultas a se mobilizar contra requisitos a respeito do uso de salto alto no local de trabalho.
Por outro lado, essas transformações de paradigma na educação não se limitam à aparência ou visual dos alunos, pois também se expandem para as normas ligadas ao comportamento deles dentro das escolas. Aos poucos, estão sendo descartadas algumas punições como a suspensão em forma de prisão domiciliar e outras específicas para a pronúncia de palavrões entre os alunos.
Segundo o jornal japonês Mainichi Shimbun, essas mudanças nas políticas entrarão em vigor no início do novo ano acadêmico em 1º de abril. A medida é adotada depois que uma pesquisa foi realizada no ano passado com 240 escolas de Tóquio. O levantamento consistiu em um questionário entre o corpo docente, alunos e pais a respeito das regras das instituições de ensino. E o resultado mostrou insatisfação entre a maioria dos entrevistados, que apontaram que quase todas as regras estão desatualizadas e não contemplam as necessidades dos envolvidos.
Contudo, não é apenas na capital japonesa que mantinha até então um rígido código de vestimenta. Em outras cidades do país, como em Fukuoka, na ilha de Kyushu, existem normas semelhantes, nas quais os alunos devem usar trajes e acessórios de acordo com as cores e pormenores pré-determinados pela direção. Mas, as escolas locais também seguiram o exemplo de Tóquio e realizaram uma pesquisa e opinião entre os alunos, que rejeitaram o código de vestimenta.
Onda de protestos
O debate sobre os códigos de vestimenta das escolas é antigo, mas, as críticas se intensificaram desde 2017, depois que uma estudante do ensino médio, então com 18 anos, processou autoridades educacionais em Osaka após alegar que a direção da escola a forçou a pintar seu cabelo naturalmente castanho de preto. Caso contrário, seria suspensa. Em algumas ocasiões, ela recebeu penalidades por não ter tingido totalmente suas raízes marrons e se recusar a seguir essa regra com frequência.
No processo, a estudante afirmou que a coloração obrigatória trouxe danos ao seu cabelo e ao couro cabeludo, o que, consequentemente, feriu sua autoestima. Ela foi indenizada em 330 mil ienes (cerca de R$ 13.246).
O caso acabou levando outros alunos e famílias a se manifestarem contra regras semelhantes que restringiam a liberdade e a dignidade dos estudantes. Diante disso, várias escolas anunciaram mudanças em seus códigos de vestimenta.
No ano passado, todas as escolas públicas de ensino médio na cidade de Mie, no oeste do Japão, aboliram as regras sobre penteados e cores de roupas íntimas, e até mesmo sobre namoros dentro do ambiente escolar, com autoridades locais admitindo que os requisitos eram ultrapassados.
Muitas escolas permitiram aos alunos o uso de camisetas e peças íntimas em cores diferentes. Depois de longas campanhas, alguns estudantes conseguiram autorização para que as meninas pudessem usar calças na escola. Outros também reivindicaram o uso de maquiagem e produtos para o cabelo.
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