Família adepta de conspirações morre após cair de prédio na Suíça
A morte de quatro membros de uma família francesa, que pularam do sétimo andar do prédio no qual moravam, causou perplexidade entre os moradores da tradicional cidade turística de Montreux, na Suíça. Além da tragédia, o contexto também chama a atenção, pois a polícia constatou que a família, parte da elite da França, vivia isolada e demonstrava interesse por teorias da conspiração.
Os mortos são Nasrine Feraoun e seu marido, Éric David, além da filha de 8 anos do casal e a irmão gêmea de Nasrine, chamada Narjisse. O filho mais velho, de 15 anos, também pulou, mas sobreviveu. Segundo o periódico francês Journal du Dimanche, o garoto está em estado "muito grave", mas estável e não foi colocado em coma.
O episódio trágico ocorreu uma semana atrás, na quinta-feira (24). Tudo começou quando oficiais bateram à porta do apartamento da família, por volta das 6h15, no intuito de conversar sobre obrigações legais ligadas à educação do menino de 15 anos, que, assim como a irmã, não frequentava a escola e era educado pelos pais em casa.
Uma voz de dentro da residência chegou a perguntar quem estava na porta, mas não falou mais nada. Sem a permissão para entrar, os oficiais foram embora. Minutos depois, perto das 7 horas, os cinco moradores teriam pulado da varanda em sequência, num espaço de cinco minutos.
Em pronunciamento na terça-feira (29), a polícia regional de Vaud afirmou que as conclusões após os primeiros dias de investigação "permitem descartar a intervenção de um terceiro e sugerem que todas as vítimas saltaram da varanda uma após a outra". A principal teoria, portanto, é de que o caso tenha mesmo sido de um suicídio coletivo.
Segundo os policiais, a família vivia isolada e imersa em teorias conspiratórias, além de demonstrar interesse pelo sobrevivencialismo, movimento no qual as pessoas vivem dedicadas a se preparar para situações de emergência.
No amplo apartamento onde moravam, três dos cinco quartos estavam abastecidos com comida e remédio, enquanto os cinco moradores se dividiam nos dois quartos restantes, conforme informação do jornal Le Temps.
Diante desse cenário, foi levantada a possibilidade de que eles tenham se sentindo ameaçados com a presença dos oficiais no prédio.
"Desde o início da pandemia, a família estava muito interessada em teorias conspiratórias e de sobrevivência", explicou a polícia local. "Todos esses elementos sugerem medo de que as autoridades interfiram em suas vidas".
A família vivia isolada e apenas a irmã gêmea da de Nasrine trabalhava fora de casa. Tanto a mulher como a sua filha de oito anos não possuíam registro administrativo. Além disso, o cunhado do casal, que se disse "atordoado" com a história, afirmou que não tinha notícias dos dois há 15 anos, pois cortaram os laços com a família.
De acordo com o Journal Du Dimanche, tanto David quanto Nasrine fazem parte da elite da França. O homem cresceu em uma parte rica de Marselha e estudou na Ecole Polytechnique, uma das mais antigas e prestigiadas instituições de ensino de engenharia da França.
Já Nasrine, dentista, e Narjisse, oftalmologista, foram educadas no Lycée Henri-IV, colégio de elite em Paris. As duas irmãs também são netas do escritor argelino Mouloud Feraoun, mártir da revolução argelina, assassinado em 1962, e amigo próximo do filósofo e escritor Albert Camus.
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