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Convidado a visitar Kiev, papa Francisco relata problemas de saúde e dores

Papa Francisco recebeu crianças ucranianas e distribuiu ovos de Páscoa  - Andreas Solaro/AFP
Papa Francisco recebeu crianças ucranianas e distribuiu ovos de Páscoa Imagem: Andreas Solaro/AFP

Do UOL, em São Paulo

06/04/2022 11h04

Após usar pela primeira vez uma plataforma elevatória para entrar no avião papal, o papa Francisco deu sinais de que sua saúde não está 100%, o que pode dificultar que ele viaje. Ele sofre de nevralgia ciática, uma afecção que provoca fortes dores nas pernas.

Nesta quarta (6), o governo ucraniano pediu que ele visite Kiev, capital da Ucrânia, porque isso "pode afetar o curso da guerra", segundo Andriy Yermak, chefe de gabinete do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

"A minha saúde anda um pouco caprichosa. Tenho este problema no joelho que me causa dificuldades para andar. É um pouco chato, mas está melhorando, pelo menos consigo caminhar, há uma semana não podia fazer isso", afirmou o argentino Jorge Bergoglio, de 85 anos.

Ele confidenciou ainda que pode melhorar das dores no quadril e no joelho, mas "nesta idade não sabemos como vai terminar o jogo". "Esperamos que corra bem", falou enquanto ia de Roma para Malta.

O líder da Igreja Católica vem reclamando de dores no joelho já há algumas semanas, realizando inclusive eventos sentado o tempo todo. O problema de saúde foi informado pelo religioso em uma audiência geral em janeiro, quando ele estava visivelmente mancando.

Em fevereiro teve que cancelar uma viagem a Florença, e não participou dos cultos da Quarta-Feira de Cinzas devido a uma séria inflamação do joelho direito.

Viagem a Kiev

O convite para visitar a Ucrânia e mediar as negociações foi reforçado depois que o papa exibiu uma bandeira do país vinda da cidade de Bucha, próxima a Kiev, onde houve um massacre, e recebeu crianças ucranianas no Vaticano. A guerra chegou ao seu 42º dia.

Segundo Francisco, uma possível viagem estava "na mesa", mas sem data prevista.

Ele também declarou que a guerra faz seu coração doer ao ponto de às vezes esquecer as dores nos joelhos.

Nos últimos dias, ele lamentou a "impotência das organizações internacionais" diante do conflito e pediu respostas "compartilhadas" à "emergência migratória" agravada pela guerra.

"Algum poderoso, tristemente preso às pretensões anacrônicas de interesses nacionalistas, provoca e fomenta conflitos", disse, em uma alusão inequívoca ao presidente russo Vladimir Putin, embora sem citar qualquer nome.

Ele denunciou ainda as "seduções da autocracia e os novos imperialismos", que provocam o risco de "Guerra Fria ampliada, o que pode sufocar a vida de povos e gerações inteiras".

Viagem a Malta e planos para Líbano

Para embarcar no avião com destino a Malta, Francisco teve que tomar um elevador com cadeira de rodas. Segundo porta-voz do Vaticano, a medida visou "evitar esforços desnecessários".

Mas no país, foi de barco para Gozo (norte), uma das três ilhas locais habitadas, onde presidiu uma oração no santuário nacional de Ta'Pinu diante de mais de 2.000 pessoas.

Depois, partiu para uma missa em Floriana, perto da capital Valeta, após uma visita à Gruta de São Paulo. Visitou ainda um centro migratório.

Outra viagem está prevista para acontecer em junho. Ele deve viajar ao Líbano, país afetado por uma crise econômica sem precedentes.

"O núncio apostólico, monsenhor Joseph Spiteri, informou ao presidente da República, Michel Aoun, que o Papa Francisco irá ao Líbano em junho", para uma visita muito aguardada pelo povo libanês, indicou a presidência do país.

A data precisa e o programa da visita serão comunicados posteriormente. O Vaticano não confirmou a viagem, mas costuma fazê-lo quando a data da visita está mais próxima. (Com agências internacionais)