Rússia volta a atacar região de Kiev; Ucrânia nega bombardeio em vila russa
O 51º dia de guerra na Ucrânia começou com a retomada dos bombardeios na região de Kiev, capital do país ocupado. O Ministério de Defesa da Rússia afirmou que foram disparados mísseis de longo alcance e alta precisão a partir do mar e que atingiram uma instalação militar.
Os ataques acontecem na esteira de um bombardeio na região de Bryansk , na Rússia. A Ucrânia nega a autoria deste ataque e afirma ter interceptado conversas que comprovam terem sido os próprios russos que bombardearam uma vila do seu país. O Ministério da Defesa da Rússia prometeu intensificar ataques na região de Kiev.
"O número e a magnitude dos ataques com mísseis em locais de Kiev aumentarão em resposta a todos os ataques e sabotagens do tipo terrorista realizados em território russo pelo regime nacionalista de Kiev", diz a Defesa russa.
De acordo com a Rússia, o local atacado, no distrito de Vasilkiv, sudoeste de Kiev, é uma oficina e fábrica de mísseis antiaéreos e antinavio .
Moradores relataram à imprensa local e em redes sociais que foram ouvidas explosões durante toda a madrugada na capital ucraniana. Parte da região está sem energia elétrica.
A Rússia também afirma que oito veículos aéreos não tripulados da Ucrânia foram atacados, além de dois depósitos de foguetes e armas de artilharia e 10 áreas de concentração de pessoal e equipamento militar ucraniano.
O Ministério da Defesa da Ucrânia afirma que os russos tentam invadir os assentamentos de Popasna e Rubizhne, mas até agora, sem sucesso. Os ucranianos afirmam que oito tentativas de ataques em Donetsk e Luhansk foram reprimidos nas últimas 24 horas.
A Ucrânia afirma que destruiu quatro tanques, seis veículos blindados, quatro veículos de combate de infantaria e um sistema de artilharia.
Navio russo naufraga no Mar Negro
O Moskva, navio-símbolo da frota russa no Mar Negro, afundou ontem. A Rússia nega que tenha sido uma baixa causada por ataques ucranianos, enquanto a Ucrânia diz que seus mísseis atingiram a embarcação.
"Durante o reboque do navio Moskva até o porto de destino, o navio perdeu estabilidade por causa dos danos no casco (provocados) pelo incêndio após a explosão de munições", declarou o ministério da Defesa Russo, citado pela agência estatal TASS.
Moskva estava no mar Negro e era estratégico para a conquista de portos ucranianos, como o de Mariupol, no mar de Azov.
Para os Estados Unidos, o afundamento do cruzador foi um "duro golpe" para a força naval russa no Mar Negro.
"Este é um duro golpe para a frota do Mar Negro, esta é uma parte-chave de seus esforços para efetuar algum tipo de domínio naval no Mar Negro", disse à CNN nesta quinta-feira o porta-voz do Pentágono, John Kirby.
Um funcionário do Departamento de Defesa dos Estados Unidos afirmou hoje que a embarcação foi atingida por dois mísseis ucranianos.
"Estimamos que [o navio] foi atingido por dois [mísseis] Neptunes", disse aos jornalistas o funcionário do Pentágono, que pediu anonimato. Com essa declaração, a fonte desmente a versão de Moscou, que garante que a embarcação sofreu "danos graves" por causa de um incêndio e depois naufragou.
"Acreditamos que houve vítimas, mas é difícil saber quantas", disse, ao acrescentar que os Estados Unidos têm conhecimento de que os sobreviventes foram resgatados por outros barcos russos na região. A Rússia anunciou que a tripulação havia sido retirada.
Após o naufrágio, na manhã de hoje, o Ministério de Defesa da Ucrânia zombou dos russos. Em uma publicação no Twitter, afirmou que "os navios que continuam" podem sair do Mar Negro, que está fechado somente para entrada.
A Rússia também alertou os EUA de que haverá "consequências imprevisíveis" se o país continuar enviado armas à Ucrânia, conforme informou o jornal norte-americano Washington Post.
Conforme apurou a Reuters, o primeiro-ministro das Finanças da Ucrânia, Serhiy Marchenko deve viajar para Washington na semana que vem.
Rússia prende jornalista
A Justiça russa ordenou a prisão de um jornalista siberiano nesta sexta-feira (15), após reportagem sobre 11 policiais russos que se recusaram a se juntar aos militares na Ucrânia.
De acordo com o Comitê de Investigação da Federação Russa, o homem é editor-chefe de um site na região siberiana de Khakassia e responde por "divulgar deliberadamente informações falsas" sobre as forças armadas russas. A pena é de até 10 anos de prisão.
Nesta sexta-feira, a Rússia bloqueou a versão russa do site do Moscow Times, que reproduziu a reportagem.
"A Rússia bloqueou o serviço em russo do Moscow Times nesta sexta-feira depois de publicar o que as autoridades acreditam ser informações falsas sobre a polícia de choque se recusar a lutar na Ucrânia", disse o jornal em seu site.
Sob leis recentemente aprovadas, a publicação de informações sobre o conflito na Ucrânia que as autoridades acreditam ser falsas acarreta penas pesadas de até 15 anos de prisão.
Mariupol sob ataque
O Ministério da Defesa da Ucrânia afirmou que a Rússia está usando armas de longo alcance para atacar Mariupol, uma das cidades mais atingidas desde o início da guerra.
De acordo com autoridades da cidade ucraniana, corpos estão sendo exumados pelos soldados russos em Mariupol, sem ter motivo ou local para onde os corpos estão sendo levados divulgados. Eles estariam proibindo o enterro dos mortos.
De acordo com a Câmara Municipal de Mariupol, a inteligência ucraniana acredita que a Rússia tenta encobrir eventuais crimes de guerra praticados na cidade.
Em entrevista à BBC, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que 95% das construções em Mariupol foram destruídas após ataques russos.
Ônibus para corredor humanitário é atacado
De acordo com a Procuradoria-Geral da Ucrânia, russos bombardearam um ônibus utilizado para evacuação de civis na vila de Borova, em Kharkiv, segunda maior cidade do país. Ao menos dez pessoas morreram e outras 35 ficaram feridas, segundo o governador Oleg Sinegubov. Entre os mortos, afirmam autoridades, está um bebê de sete meses.
O ataque será investigado como crime de guerra com homicídio planejado por parte da Rússia.
Região de Kiev já soma 900 civis mortos
O chefe de polícia da região de Kiev, Andriy Nebyto, afirmou que a polícia já encontrou mais de 900 corpos de civis nos assentamentos recentemente deixados por soldados russos.
Em discurso no Centro de Mídia da Ucrânia, Nebyto afirmou que a maioria dos corpos foi encontrada em valas comuns, mas há também aqueles nas ruas e em covas rasas.
De acordo com Nebyto, a polícia agora faz uma busca nos 180 assentamentos no entorno de Kiev anteriormente sob poder dos russos para contabilizar os impactos.
A esposa de um dos principais aliados ucranianos do presidente russo, Vladimir Putin, disse que seu marido foi espancado pelo serviço de segurança ucraniano enquanto era interrogado na prisão. A mulher é esposa de Viktor Medvedchuk e se chama Oksana Marchenko.
Maior êxodo de civis desde a 2ª Guerra
Mais de cinco milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (15) pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). É o maior êxodo de civis desde a Segunda Guerra Mundial, segundo o órgão.
No total, a agência contabilizou 4.796.245 ucranianos que deixaram o país. A eles se juntam 215.000 pessoas não ucranianas que fugiram da Ucrânia, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Do total de pessoas que fugiram da Ucrânia, 2,7 milhões se refugiaram na Polônia e 725.000 na Romênia. Dos refugiados, 90% são mulheres e crianças, já que homens entre 18 e 60 anos não podem sair do país porque poderiam ser chamados para lutar contra os russos.
*(Com informações da AFP e Reuters)
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